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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Exposição apresenta arte de remanescentes quilombolas do povoado Muquém

Museu Théo Brandão promove abertura na próxima quinta-feira, dia 8 

O povoado do Muquém, no município de União dos Palmares-AL, guarda preciosidades em suas terras. Da matéria prima utilizada para a confecção do artesanato local à origem dos seus moradores, tudo é permeado por um sentido simbólico, que torna a pequena vila um lugar especial. Lá, vivem remanescentes quilombolas que fazem arte em cerâmica. É desse cenário que saíram as peças da exposição intitulada, “Modelagens do barro: Muquém”, com abertura na próxima quinta-feira, 8, às 19 h, no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore (MTB).

A exposição é uma das ações do Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural (Promoart), iniciado em 2009, e foi concebido com a finalidade de apoiar produtores de artesanato de tradição cultural no Brasil. Realizado pela Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro, o Promoart tem gestão conceitual e metodológica direta do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), vinculado ao Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com sede no Rio de Janeiro.  

De acordo com Wilmara Figueiredo, da Gestão Técnica do Promoart, há três anos, o Programa já buscava realizar esse trabalho com o Muquém. “A ideia de fazer a mostra na capital alagoana tem o objetivo de chamar a atenção da população local para os trabalhos dos artistas dessa comunidade quilombola, e num espaço de grande referência como o MTB. Esta é uma das atuações do Promoart, que tentava, desde 2010, realizar ações de incentivo à produção, à comercialização e à divulgação do artesanato daquela vila. Mas, devido à cheia, as atividades foram suspensas até que a população fosse reassentada no Novo Muquém, fato que ocorreu somente no meio deste ano. Isto feito, achamos oportuno colaborar com esta nova fase da comunidade, criando um espaço de mostra e reflexão sobre seus conhecimentos tradicionais e expressões artísticas”, explicou Figueiredo.

A gestora ressalta que o Muquém passou por uma seleção criteriosa, realizada por especialistas, em que foi considerada a importância cultural e a alta qualidade da produção artesanal, além da variedade de tipologias e técnicas envolvidas na sua produção. “O Muquém foi selecionado entre 150 possibilidades, inclusive áreas indígenas”, ressaltou.

A exposição vai contar com obras de sete artistas do Muquém: Irinéia, Antônio, Marinalva, Aparecida, Laelson, Edson e Preta. São esculturas, objetos utilitários, entre outras peças, a exemplo das cabeças, feitas por dona Irinéia e seu Laelson; moringas, potes, panelas e cuscuzeiras, confeccionadas por dona Marinalva, e em miniatura, por dona Aparecida.

O processo de criação da arte do Muquém revela o cotidiano e as experiências vividas pela comunidade. “As peças de dona Irinéia têm um apelo singular, dentre estas, destacamos as cabeças e, mais recentemente, as esculturas relacionadas à enchente sofrida pela comunidade, como a jaqueira em que muitos passaram a noite à espera de socorro”, observou Figueiredo.

Dona Irinéia é considerada uma das melhores astesãs do barro, no Estado. Desde 2005, a artista faz parte do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas.  Ela começou fazendo cabeças de barro para ajudar na renda familiar. Tornou-se conhecida ao participar de feiras de artesanato pelo Brasil. Hoje, seus trabalhos fazem parte de catálogos da cultura popular elaborados pelo Ministério da Cultura (Minc).

Na ocasião da exposição, será lançado "A menina de barro", o primeiro livro da gaúcha, radicada em Maceió, Gianinna Bernardes. As ilustrações da publicação são de Pablo Perez Sanches. A menina de barro conta a história de uma família que morava às margens do Rio Mundaú, no interior de Alagoas, e vivia a partir da criação de objetos feitos do barro colhido na beira do rio. Num dia chuvoso de inverno, as águas fizeram o rio transbordar, carregando o que havia pela frente. O livro, que faz parte da coleção “Coco de Roda”, da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, já foi lançado pela editora, no último mês de abril, junto a outros livros do selo literatura infantil.

A exposição tem pesquisa e texto produzidos pelo pesquisador Daniel Reis e o projeto expográfico realizado pelo museólogo Luiz Carlos Ferreira, ambos profissionais do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP). Para a realização dessa ação, o Promoart contou com o apoio do Sebrae/AL e a parceria da Vale, da Prefeitura Municipal de União dos Palmares e do MTB, da Universidade Federal de Alagoas. A exposição ficará aberta ao público, gratuitamente, até o dia 28 de setembro, no horário de funcionamento do Museu.

Serviço:
O quê: Exposição “Modelagens do barro: Muquém”
Onde: No Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore – Avenida da Paz – 1490 - Centro
Quando: Abertura em 08 de agosto, às 19h. Em cartaz até 28 de setembro (terça à sexta, das 9h às 17h | sábado, das 14h às 17h).

Informações: 3214-1713 e 3214-1716.

Documentário feito no Muquém emociona moradores e convidados.


No último sábado, 03, foi exibido para os moradores do Povoado Muquém um documentário realizado com moradores da comunidade. Na mesma ocasião aconteceu a entrega dos certificados dos participantes da oficina de Vídeo e Memória e Vídeo Portátil. A oficina foi ministrada pelo documentarista carioca Clementino Junior.

A oficina promovida pela Secretaria de Cultura de União dos Palmares, que antecipou a ideia por causa da vinda de Clementino Junior, que não cobrou pelo trabalho, teve como trabalho final o filme "Águas no Muquém - sobreviventes de uma enchente". O filme retrata, a partir dos depoimentos dos moradores, os momentos vividos na enchente de 2010, onde muitos passaram a noite em uma jaqueira. O tema foi escolhido pelos alunos do curso.

 A cada depoimento era visível a emoção dos que participaram do documentário e da plateia presente. Reviver em palavras todo sofrimento de 2010 foi doloroso e muitos não tiveram condições de falar ao final da sessão. A boa notícia compartilhada entre os quilombolas presentes era a felicidade de estarem em suas casas novas, com espaços de lazer, ecumênicos, centro de artesanato e a Escola Municipal Pedro Pereira da Silva.  

Para Genisete Lucena, secretária de Cultura, o resultado do curso foi ótimo e o próximo passo é criar um núcleo de audiovisual e ampliar o projeto com novas oficinas.
 
O professor de audiovisual Clementino Júnior disse que programou a vinda a União desde o dia em que fechou sua participação em uma oficina de cinema em Recife. Como já fazia planos de conhecer as terras do Líder Negro Zumbi dos Palmares entrou em contatos com amigos e se prontificou em fazer as atividades em União. Segundo ele, "Mesmo que o tempo tenha sido curto, uma semana, o resultado fui muito positivo. Fiquei feliz com a turma que participou".

O cineasta, filho da atriz Chica Xavier, é o responsável pelo Cineclube Atlântico Negro, especializado em cinema voltado para a cultura negra. Clementino disse ao blog que voltará a União em novembro. "Tenho compromissos agendados em Salvador e aproveitarei para vir a cidade".

Estiveram presentes na sessão moradores do Muquém, a secretária de Saúde Carla Borba, a coordenadora da Defesa Civil de União, Nádia Seabra, alunos do Povoado Várzea Grande, membros do Coletivo a Fábrica e professores da rede municipal de ensino.
  

Funcionário da Usina Laginha, faz artesanato para tirar o sustente da família


O funcionário da Usina Laginha (há 5 anos) Marcos André da Silva começou há um ano a fazer artesanatos para ter uma renda extra em casa. Hoje, com a Usina em crise, o artesão tem no novo ofício a oportunidade de ter as contas em dia. 

Marcos disse que não saberia definir seu trabalho, pois não fez cursos e começou desenvolvendo seus trabalhos através de alguns sites na internet. Todos os produtos expostos em uma banca ao lado do Mercado de Artesanato em União dos Palmares são de personagens de desenhos e filmes que toda garotada conhece como: a turma do chaves, a galinha pintadinha, patati patatá etc. A maioria dos produtos são enfeites para aniversário, chá de bebê entre outros.

Coquinho, como é conhecido na cidade, disse que os artesanatos são feitos por ele e a esposa Edja Maria Soares e são as encomendas para festas que faz o casal ter um lucro melhor. Segundo ele "Recebemos sempre encomendas para festas, se não tem o personagem aqui, vou procurar e faço para o cliente". E acrescenta: “O movimento aqui é fraco, mesmo sendo ao lado do Mercado de Artesanato".

Com 35 anos, o artesão já faz planos para nos próximos meses abrir uma loja nos Terrenos, onde mora com a família. E mesmo com a loja continuará com a banca na Av. Monsenhor Clóvis. O mais novo artesão da cidade disse que já faz parte da associação de artesãos e que tem carteirinha para trabalhar.   

Marcos, como os demais funcionários da Usina, está sem trabalhar e os últimos pagamentos não foram feitos, lamenta: "Fico triste por toda essa situação, fico mais triste ainda por meus amigos, eu com a graças de Deus estou tirando meu sustento e da minha família". Marcos diz que fica torcendo quando escuta nas rádios locais que outros empresários vão tomar contar da Laginha.

Enquanto a Usina Laginha não volta a moer, o artesão sonha com um quiosque dentro do Mercado de Artesanato para poder trabalhar com melhor infra-estrutura e poder está junto dos companheiros da associação.

Saiba mais sobre a associação dos artesãos AQUI.

Coquinho e Edja Maria fazem os artesanatos ao ar livre.