Museu dos
bonecos de Olinda recria personalidades brasileiras do Brasil Colônia à
República
Pedro I, José Bonifácio,
Princesa Isabel, Zumbi dos Palmares e até a presidenta Dilma: estas e
mais outras 45 personalidades brasileiras, da Colônia à República, estão
ganhando corpo e forma nas mãos de artesãos para contar a História do Brasil.
Os famosos bonecos de três metros de altura irão compor o mais novo time dos
gigantões de Olinda (PE).
Mas não apenas no município vizinho ao Recife. A ideia é que as criações possam
viajar por todas as cidades do país, em uma exposição itinerante, com ponto de
partida em São Paulo, para preservar e transmitir a memória de forma lúdica.
"Ainda estamos em busca de patrocínio, mas a nossa meta é que em outubro
já comecemos as exposições em um espaço a ser cedido em São Paulo. Queremos
atrair alunos de escolas públicas e privadas, com ingressos entre R$ 10 a R$ 20
para ajudar a Embaixada dos Bonecos a levar a exposição para outras
cidades", antecipa o idealizador do projeto, Leandro Castro.
Empresário e produtor cultural da Embaixada de Pernambuco dos Bonecos Gigantes
de Olinda, museu que existe há dez anos e que hoje guarda mais de 110 criações,
Leandro se diz um amante de história. Ele conta que, com a ajuda da esposa,
Sineide, responsável pelo figurino dos bonecos, pensa em dar vida também a
personagens da história geral, como Napoleão Bonaparte. "São muitos os
projetos. Pensamos ainda em materializar a cultura do carnaval de Pernambuco
com a criação de personagens-símbolos, como o passista do frevo, o Caboclo de
Lança, além de uma réplica de três metros do Zeppelin, para contar a passagem
do dirigível por Recife", empolga-se Leandro.
Com a bênção e a responsabilidade de quem nasceu no mesmo ano em que a tradição
dos bonecões tomava as ruas de Pernambuco, o folclorista Olímpio Bonald Neto
explica que os gigantões, como gosta de chamá-los, apareceram em Olinda em 1932
e foram inspirados nas grandes imagens dos santos católicos das igrejas da
cidade.
"Os bonecos gigantes de formas carnavalescas passaram a representar seres
poderosos, como o Homem da Meia-Noite. Em Pernambuco, a tradição tem suas
origens em Petrolina, na baixa do São Francisco. Mas suas bases se remetem à
Europa, onde há quase três séculos se cultua essa tradição", conta o autor
de Gigantes foliões em Pernambuco, sobre exemplos similares que existem na
França, na Bélgica e em Portugal.
Para Bonald, mesmo tendo hoje incluído conhecidas personalidades, como Michael
Jackson, Pelé e Lampião, os bonecos ainda carregam um sentido místico e
religioso. "Quando menino, via os bonecos passarem nas ruas e eles já me
impressionavam. Ainda hoje, eles são os grandes responsáveis por dar ao
carnaval toda essa aura de fantasia e misticismo", afirma o pesquisador no
alto dos seus 81 anos de vivência da tradição carnavalesca de Pernambuco.
Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional