A Serra da Barriga é dona de um dos mais importantes capítulos da
história do Brasil, localizada no atual município de União dos Palmares,
no estado de Alagoas, abriga o Quilombo dos Palmares.
É domingo no alto da desertíssima Serra da Barriga, onde, 1597 a 1695, viveram mais de 20 mil pessoas.
O silêncio escorre profundo, imperativo.
O palco da festa negra inflado de gentes onde antes havia discursos,
vozes e danças se resume, no domingo (ou no resto do ano), as
folhagens pálidas, desmaiadas pelo sol inclemente.
Após o dia 20 de novembro- Dia Nacional da Consciência Negra- o
glamour das comemorações em nome da liberdade claudicante, despe-se como
um abismo imenso, onde surgem lacunas, cheias de silêncio.
Um corredor estreito por onde passa uma indiferença histórica.
A Serra da Barriga grávida de possibilidades, para cujas matas
milhares de negros escravizados rebelados fugiram durante o período de
dominação holandesa, resguarda o maior e mais icônico museu a céu aberto
da América Latina, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares.
Como um museu de histórias ancestrais o Parque Memorial Quilombo dos
Palmares, traduz elementos simbólicos, que devem ir além da esporádica
comemoração anual.
O Quilombo dos Palmares tornou-se símbolo da resistência negra à
escravidão. E para quem quer conhecer essa história subir a Serra da
Barriga é roteiro obrigatório.
Entretanto, como conhecer, valorizar a significativa história da
maior e mais duradoura revolução negra do país se existe tantas pedras
no caminho no museu?
Simbólicas pedras bloqueando, expulsando, excluindo as muitas e tantas gentes.
Um povo que não conhece sua própria história está condenado a repeti-la.
Será assim, novamente?
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