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quinta-feira, 13 de março de 2014

"Como me considero semi-analfabeto, escrevo o que sei e o povo quer saber. Isso me rende criticas de invejosos e pessoas menos preparadas que eu" Antonio Aragão

JMarcelo Fotos: Qual é seu nome completo?

Antonio Aragão Pereira 

JMarcelo Fotos: Você é natural de União dos palmares? Fale um pouco de sua origem familiar?

Sim, dos 18 filhos que minha mãe teve com meu pai, fui o único a nascer na Rua Correia de Oliveira casa 46 no centro de União dos Palmares. Outras particularidades são que dos 17 irmãos (só têm vivos 3) apenas eu ganhei o sobrenome Aragão. Os demais todos são Valença Pereira. Sou neto do empresário (natural de Panelas-PE) que residia em Rocha Cavalcante Juvenal Mendonça Valença e que empresta seu nome ao acesso viário à cidade para quem procede de São José da Laje e do ‘coronel’. José Candido (que tinha uma loja de tecidos vizinho a loja do pai do escritor Jorge de Lima).
 
Meus pais de saudosa memória são os Escrivães de Registro Civil Sanelva Aragão Pereira e Esmeralda Valença Pereira

JMarcelo Fotos: O que lembra da sua infância?

Muitas coisas. Dentre elas, as férias no saudoso ‘Timbó dos Mendes’ cuja maior parte pertencia a meu pai. Outras como as festas de Natal, Ano Novo, Carnaval, enfim todas as festas populares em União onde nasci e cresci.

Minha realização na infância foi tocar na banda do Ginásio Santa Maria Madalena que na época era privilegio de poucos. Não pode passar despercebido os namoricos escondidos em que não tínhamos sequer o privilégio de ver os tornozelos de nossas namoradas pois as saias eram muito longas.
JMarcelo Fotos: Por quantos anos você morou em Rocha Cavalcante e qual sua ligação hoje com esse Distrito de União dos Palmares?

Na infância, como meu pai era escrivão da localidade e tinha parte da propriedade ‘Timbó dos Mendes’, todos os domingos nós viajávamos para lá para o expediente do cartório. Nas férias como disse, ia para a fazenda da família. Em Rocha Cavalcante, fiz e ainda conservo grandes amigos como o falecido e saudoso Biu da Barra, o hoje presidente da Câmara de União Benedito José o ‘Biu Crente’, o conhecido ‘Major’ Ferreira, o Claudionor Ferreira conhecido como ‘Nanô’, o Luiz da Venda, o Poeirinha e tantos outros além do fato que foi o local em que minha mãe nasceu, meus tios e meus irmãos.

Quando retornei do Rio em 1976 fui morar no distrito onde criei minhas três filhas hoje todas casadas. Abondonei o lugar por motivos estritamente pessoais logo após ser eleito vereador.


JMarcelo Fotos: Já morou em outros lugares?

Sim na década de 60 em Rio Largo quando fui gerente da COBAL (primeiro supermercado popular do Brasil mantido pelo governo federal) e apresentava o programa Rio Largo Show todas as noites na antiga Rádio Clube de Rio Largo entre 1967 e 1968 de onde sai para o Recife lá residindo até o inicio de 1970 quando finalmente migrei para o Rio de Janeiro. Na cidade Maravilhosa nasceu um filho meu com uma venezuelana cujo garoto morreu de acidente automobilístico aos 16 anos em Caracas. Neste período que considero um dos mais felizes de minha vida, residi em Copacabana.

JMarcelo Fotos: Qual a sua religião?
Minha formação religiosa é o catolicismo (fui coroinha do padre Clóvis e lá na igreja, falei pela primeira vez em um microfone rezando a Ave Maria). Me afastei quando a Matriz de Santa Maria Madalena foi destruída. Imaginem que até meu falecido pai fez parte da comissão que concordou com a demolição de nossa antiga Matriz. Pode?
JMarcelo Fotos: Lembro-me que você já foi vendedor de queijo, que outras atividades exerceu antes de ser Tabelião?
 
Não só vendia queijos como vários gêneros alimentícios como um todo. Nunca queijos individualmente, mas ainda muito jovem fui gerente da COBAL na Rua das Verduras em Maceió e nos chamados a época ‘Postos de Vendas’ em Rio Largo e União dos Palmares. Deixei a empresa porque ela fechou em todo Brasil. 
JMarcelo Fotos: Como iniciou seu trabalho em Cartório?

No dia 15 de agosto de 1969 fui nomeado pelo Juiz de Murici em substituição em União dos Palmares Dr. Clinio Pereira de Aguiar Escrevente-Autorizado do Cartório Civil de União. Dois anos após, minha mãe adoeceu e foi retirar uma bolsa de água da cabeça no Rio de Janeiro. Assumi a função dela lá em Rocha Cavalcante. Quando ela retornou, se aposentou do Cartório em União foi quando assumi definitivamente a função onde estou até hoje.

JMarcelo Fotos: Qual é a maior dificuldade neste trabalho?

A dificuldade maior é fazer cumprir as determinações que a Lei institui e que nem sempre combinam com o que as pessoas querem. Por isso, muita gente me vê com reserva porque ao longo destes anos, nunca fui chamado atenção pelos Juízes ou pelo Tribunal de Justiça por descumprir uma Decisão Judicial. 
JMarcelo Fotos: Você é uma das pessoas mais rápidas quando escreve na Maquina de Datilografia, foi fácil a transição para o teclado do computador?

Aos 11 anos de idade já ajudava meus pais datilografando processos de casamentos e registros de nascimentos e óbitos no Cartório de União. Usava quatro dedos apenas para datilografar e como a escola de datilografia da dona Rosinha (esposa do Maurino Veras que fundou a radiofonia em União) era defronte ao Cartório, aprendi a usar todos os dedos para digitar nas antigas Máquinas Olivetti e Remington. Era muito mais trabalhoso. 

A transição para a digitação em computadores se deu naturalmente no ano de 1991 quando o empresário Manoel do Rádio comprou um computador IBM para mim que usei no cartório. A máquina era monocromática e foi o primeiro computador em União dos Palmares. Foi fácil me adaptar ao seu manuseio. Todos os dias eu digito algo. Daí a habilidade.

JMarcelo Fotos: Qual a sua formação acadêmica?

Estudei o primário no Grupo Escolar Rocha Cavalcante em seguida no Ginásio Santa Maria Madalena onde cursei junto com Ladorvane Cabral e o Claudionor Araújo além de 42 moças o primeiro ano pedagógico por falta de opções de curso. Quando José Viana introduziu o curso de contabilidade cursei até o segundo ano, e me formei em Recife como contador no tempo em que trabalhei na Rádio Jornal da capital pernambucana. 

Os maiores incentivadoras de minha educação e formação profissional foram a senhora Benedita de Paula ainda hoje viva, conhecida como ‘Dona Nita da Coletoria’ (que considero uma dama), meu padrinho Alfredo Gomes e seu filho, o maior amigo que tenho vivo, o Dr. Carlos Enilson hoje Tabelião Público.


JMarcelo Fotos: Tribuna União é seu primeiro site?

Sim meu primeiro site e também primeiro na região da Mata Alagoana. Foi ao ar pela primeira vez em março de 2006.


JMarcelo Fotos: O site Tribuna União é um verdadeiro sucesso na região, qual é o segredo para ter tantos acessos? 

A formula é simples: como me considero semi-analfabeto, escrevo o que sei e o povo quer saber. Isso me rende criticas de invejosos e pessoas menos preparadas que eu. Outro aspecto é o noticiário da área de policia muito em evidencia nos atuais tempos. Finalmente, a diversificação das noticias: saúde, mundo, nacional, esportes, enfim de tudo um pouco. As noticias são renovadas três vezes ao dia e isso agrada. 

JMarcelo Fotos: Já teve medo de alguma reação negativa por alguma publicação no site?

Mesmo sabendo que muita gente odeia principalmente quem é focado negativamente no noticiário, só publico a verdade. O fato em si, doa a quem doer vai ao ar. Esse é o papel fundamental da Imprensa Livre. O leitor não quer saber a minha opinião, mas a verdade do que está acontecendo.


JMarcelo Fotos: Você é muito gentil com meu trabalho, sempre faz questão de disse que sou um parceiro no site, a mesma coisa com João Paulo Farias e outros colegas a exemplo de Franco Maciel na época do blog A Terra da Liberdade, como você analisar o surgimento de novos blogs e sites em União?

Olha Marcelo, edito um site noticioso e apolítico de modo diferente de muitos jovens que escrevem para informativos e se especializaram em criticas que as vezes são infundadas sem ser utilizado o critério do conhecimento de causa, da pesquisa. As pessoas confundem as coisas. Sou apenas um repórter que conta o dia a dia de nossa terra. Aprecio os sites que divulgam as noticias da cultura de nossa gente, porém, para mim e para o publico que lê meus modestos escritos, só nos interessa o onde, o quem, o quando e o porquê.
O resto fica por conta de nossos jovens intelectuais que se arvoram de JORNALISTAS e que transparecem paixões políticas. De uma parte, agradam a um grupo resumido, porém o lado oposto não gosta. Você tem que saber se portar quando forma opiniões e nunca apontar os erros alheios com o dedo sujo. Com relação a você Marcelo, sou seu fã por sua tenacidade e vontade de divulgar as coisas boas da nossa terra sem promoções pessoais contrastando com muitos dos nossos confrades que pensam que podem escrever em informativos. Quer ver uma coisa que irrita? Veja o que a maior parte das pessoas escrevem no Facebook sobre si mesmo o que acho ridículo, pois as nossas virtudes e nossos defeitos são as pessoas que devem julgar. Jamais precisamos induzi-las a isso. Classifico esses fatos como vaidade mórbida falta de preparação e educação.


JMarcelo Fotos: O que você faz para ter uma vida social e desacelera do ritmo de trabalho, quais são seus lazeres?

De segunda a sábado, quem precisar me localizar, vai me encontrar no expediente do Cartório na Rua Tancredo Neves. No tocante a lazer elegi duas coisas para meu entretenimento nos momentos de folga: a primeira, minha cervejinha Antacrtica bem gelada (nas folgas) e a segunda torcer pelo Meu Fluminense do Rio de Janeiro de quem sou torcedor e parceiro na vitória e na derrota.


JMarcelo Fotos: Sobre a cidade de União dos Palmares me responde o que vier na cabeça: 

Administração Pública: As pessoas têm o governo que escolheram nas urnas. Observe que 90% das criticas dirigidas a atual administração vêm de pessoas que votaram no atual prefeito mais por um emprego do que por convicção política ou vontade de renovar. Fica impossível para o prefeito abrir uma frente de trabalho para um universo de quase 18 mil votos.

Violência: A violência tem duas raízes: a falta de emprego para a juventude e o tráfico e consumo das drogas. Aqui em União foram registrados muitos poucos crimes por vingança muito menos por motivação política. Nossa comunidade é por convicção e tradição pacata.


Transito de veículos: O trânsito em União não tem adjetivo para qualificar. É o pior entre os piores no Nordeste. No dia em que o governo decidir multar com seriedade os infratores e condutores inabilitados, a coisa muda. Afinal, o brasileiro só se comporta e cumpre leis e regras quando mexem em seus bolsos. 

Zona rural do município: Nossa zona rural que hoje está literalmente desabilitada é uma das mais privilegiadas da natureza: água em abundância, solo fértil, mas que enfrenta a falta de vontade dos nossos agricultores que migram para a cidade, se aposentam e não mais trabalham, o que é uma pena. Fixar o homem no campo é um desafio muito grande nos dias de hoje.


Serra da Barriga: Serra da Barriga é um sonho que se dilui a cada ano. Para se dimensionar o que pretendo colocar, primeiro, a comunidade local não participa de nada, pois as verbas destinadas ao Parque do Zumbi nunca vêm para União e quando chegam, são mal empregadas. O maior exemplo é o acesso a Serra. É melhor não comentar mais sobre o assunto para não magoar determinadas pessoas.


JMarcelo Fotos: Em sua opinião por que União dos Palmares não deslancha com o turismo cultural?

Por razões óbvias. A concorrência com a cultura moderna difundida pela televisão, o acesso fácil aos prazeres mundanos através da internet, o excesso de liberdade consentido pelos pais e o consumo de droga e álcool são sérios concorrentes a divulgação de uma cultura que parece não interessar mais a nova geração. Mesmo assim, ainda existem focos de resistência.


JMarcelo Fotos Como você analisou as críticas dos jovens os festejos de Santa Maria Madalena esse ano, já que as atrações artísticas não caíram no gosto popular, e as mesas no meio da praça geraram uma grande polêmica. Consequentemente, o número de pessoas foi pequeno. Qual sua opinião sobre estas questões?   

No meu tempo de infância e juventude, o sentido da Festa de Maria Madalena era estritamente religioso de homenagem a santa padroeira. Existia um coreto na Praça Basiliano onde após os trabalhos religiosos se exibiam bandas de musicas. Hoje, a festa tem conotação pagã, as mulheres se desnudam, as danças são ritmos diferentes e predomina a vontade extravagante dos jovens.

Esquecem-se os adeptos destas festividades que um dia serão idosos. Coisa da vida moderna.

JMarcelo Fotos: Você é casado, tem cinco filhas, netos, como é Aragão em família? 

Não, amigo, há um engano nos números. Sou casado com a psicóloga Maria do Socorro Silva Aragão Pereira com quem tive duas filhas dos meus sete. São cinco netos (quase seis) e um bisneto. Em família, sou o mesmo velho ranzinza que todos conhecem. (rsrsrsrsrs)


JMarcelo Fotos: Qual é seu maior orgulho?

A palavra orgulho não existe em meu dicionário a partir de minha vestimenta que é modesta. Algumas passagens na vida me deixam satisfeito como ter um filho advogado – profissão que sempre quis exercer e nunca consegui - duas filhas psicólogas, uma se formando, uma economista, uma outra estudando educação física, outra filha do meu primeiro casamento com pós graduação em saúde, uma neta cursando engenharia, outro neto aprovado em direito.


JMarcelo Fotos: Aragão, algumas perguntas dos colegas comunicadores de União para você:


Tiago Silva: Esse tempo como jornalista qual foi à matéria que você teve mais trabalho para consegui e o que aconteceu depois? 

A matéria mais difícil de minha vida foi cobrir para a GAZETA DE ALAGOAS o assassinato de meu sobrinho morto covardemente com dois tiros pelas costas na Praia da Pajuçara em Maceió. O desejo de vingança era tão forte que a direção da empresa me substituiu pelo Ednelson Feitosa que morreu na semana passada... No mais, faz parte do show da vida.


Ricardo Valério: Como você vê essa nova geração aqui nas rádios da nossa cidade, e se é a favor que trabalhem sem o registro da profissão? 

Olha Ricardo, meu posto de vista sobre sua pergunta é que infelizmente a nova geração do rádio busca notoriedade pessoal e se apega a criticas de origem política.
Muitos estão no rádio sem o menor talento e unicamente para aparecer ou por dinheiro, descompromissado com os ouvintes. Poucos têm coragem de mostrar a realidade do dia a dia a seu público, a essência, a motivação do fato. Quer um exemplo? Quantos repórteres têm coragem de cobrir o outro lado da sociedade, isto é, os crimes, violência sexual, e o trafico? Tocar música eletrônica em um computador e deitar conversa fiada é muito fácil.

A prática da clandestinidade no rádio palmarino ou em qualquer lugar não é salutar para quem trabalha, mas como disse, alguns estão na área apenas para aparecer ou por motivação política. Para esse tipo de comunicador, vale a pena ser clandestino pois não existem compromissos.


Nivaldo Marinho: Qual foi sua ação como vereador que ficou marcada em sua história como parlamentar?  

Pouca coisa, Nivaldo. Posso assegurar que quando estava vereador, bati todos os recordes de projetos de Lei e de requerimentos. Mesmo assim na pratica, só consegui a pavimentação a paralalepipedos entre o final da Praça Basiliano Sarmento até a Ponte sobre o Rio Mundaú (a qual tem o nome de Abdon Cupertino através de Projeto de Lei de nossa autoria) quando o prefeito era Rosiber Oliveira. Ademais, conseguimos que Rocha Cavalcante fosse inclusa no mapa rodoviário estadual e o telefone público de lá. O restantes do trabalho como nos dias de hoje foram denúncias que se perderam no tempo.

O fato marcante em minha passagem rápida pela política, é que quando o presidente da época se afastou por motivos pessoais, assumi a presidência do Poder. O que o meu pai fez como político, o destino permitiu que eu repetisse. Nunca mais quero saber de política e não vou mais votar em ninguém. Fui Vereador entre 1982 e 1988 pela ARENA, na época da Revolução.


Luiza Oliveira: Você acredita que existe liberdade de expressão para a imprensa? 

Deixei o rádio aqui em União não por me sentir melhor que ninguém, mas sobretudo porque não existe liberdade de expressão dos artistas. Os donos das emissoras são políticos provincianos acostumados ao mando e ao cerceamento da liberdade e só trabalha em suas emissoras quem lhes é útil, subserviente. 

No dia em que os profissionais da imprensa palmarina absorver esse fato e se em cooperativa fundar uma emissora independente e livre de fato e direito desses patrões remanescentes do coronelismo, quem sabe se a coisa não muda e o público não terá a verdade contada de forma democrática?


Clezivaldo Mizael: Quem cuidará do Tribuna União quando você não puder mais conduzir os trabalhos, tem alguém na família que manterá o carro chefe do site de noticias de União? 

Senhor Clezivaldo (como diz chamar-se)... a TRIBUNA UNIÃO foi o mais antigo site a ir ao ar aqui na Terra de Jorge de Lima ou Troia Negra dos Palmares. Hoje, é um site (sem vaidades mórbidas) que abrange um universo até internacional de acessos diariamente. Existe uma grande empresa pernambucana que tem interesse em adquirir o domínio.
Em contrapartida, se não ocorrer a transação, minha filha mais jovem a Maria do Socorro que apesar de ser psicóloga tem texto próprio (como a irmã Thereza Esmeralda, graças a Deus), nutre o desejo de fazer jornalismo e mesmo eu estando vivo, herdou muita coisa minha a exemplo da coragem. Sua resposta, o tempo dirá, pode até depender da viúva, se eu falecer repentinamente mas enquanto não for substituído na editoria geral do site, lhe convido para se você quiser fazer parte do universo TRIBUNA, o tema é livre, mas a orientação é apolítica... ia esquecendo: o convite é extensivo aos demais companheiros comunicadores palmarinos que detém a arte de escrever com sinceridade e liberdade.


Jackson Valery: Como foi à emoção de arbitrar futebol?

Grande Jackson (meu apreço e admiração por seu excelente trabalho)... sempre fui apaixonado pelo futebol. Aos seis anos ouvia os jogos do Fluminense em companhia de meu pai e do Dr. João Lyra (na época pobre) em nossa residência através de um rádio ‘Principe’ da Phillips que era movido a bateria de carro (não existia energia elétrica na cidade). 

Na adolescência, fui um péssimo jogador a ponto de nenhum time me querer em seu elenco. Economizei, comprei material esportivo e fundei o Ypiranga Futebol Clube ainda na adolescência do qual fez parte o palmarino (famoso urologista) Dr. Paulo Vitorio que era zagueiro. Quando cheguei ao Rio (dois dias após), li no Jornal do Commercio daquela cidade que a Federação Carioca abriria o curso de árbitro. Me inscrevi, foi o 4º colocado em um universo de 56, fiz física com grandes expoentes da arbitragem brasileira e minha maior emoção foi ser regra três do grande arbitro Armando Marques no jogo America-RJ e Corinthians de São Paulo no Maracanã. 

Não recordo a data mas foi na década de 70 quando o Fluminense era a ‘Máquina Tricolor’. Tudo que acontecia comigo, o enciclopédico Sargento Juca daqui de União tomava conhecimento, pois sempre escrevia para ele.


Olívia de Cássia: Como você se sente fazendo jornalismo em União dos Palmares há tanto tempo? E Quais as maiores dificuldades encontradas para fazer o seu trabalho?

Adorável Olivia. Sou seu fã incondicional sabe disse, não é? Desde os 16 anos que escrevia para o extinto ‘Diário de Alagoas’ da família Falcão e que era editado na Avenida Moreira Lima. As correspondências iam pelo carteiro do trem ‘Bacurau’ que ganhava uma gorjeta para entregar em Maceió. Geralmente as matérias saiam com uma semana de atraso até que, com o advento do telefone e da BR-104, fundei a sucursal do JORNAL DE ALAGOAS aqui em União em uma festa pomposa (tenho amplo material fotográfico do fato). Foi a primeira do gênero no Estado. 

O prefeito do município era o Dr. Manoel Gomes. Sempre pautei nossos escritos pela independência e procurei o contexto verdadeiro da noticia. Por essa razão não tenho grandes oportunidades de exercer cargos públicos aqui em União, como por exemplo participar de uma assessoria de imprensa, mas sou feliz porque tenha a consciência tranquila e sou independente. Meu pai não me ensinou a subserviência.


JMarcelo Fotos: Aragão muito obrigado pela entrevista fique à vontade para se despedir dos leitores do blog 

Marcelo, sou-lhe grato como a meus companheiros de trabalho por perder o tempo de vocês comigo me permitindo que transmitisse algumas passagens de minha vida humilde e comum aos seus leitores. Enquanto a natureza me conceder o privilégio, continuarei contando a história de nossa terra. A todos vocês da imprensa e a quem acessa nosso site, meu apreço. Ao povo de minha terra, obrigado por me tolerar como eu sou.

Se me permitem, uma consideração final: Para as pessoas que não me gostam, adote a mesma política que eu: perdoei tudo o que dizem de negativo a meu respeito. Os que de alguma forma me acompanham ou tem relacionamento pessoal ou profissional, meu apreço. 

Já tenho 63 anos, portanto já ingressei na faixa da terceira idade e sou consciente que disponho de pouco tempo de vida mesmo porque sou infartado e aventureiro. Quando o Criador me Levar para um plano Superior, levarei comigo o perdão a todos que me foram injustos... os que ficarem neste Vale de Lágrimas, Felicidades...

Abraços do velho Aragão
 

 Aragão e sua esposa Maria do Socorro Silva Aragão.
 E rodeado de cinco das suas sete filhas, Maria Sol (blusa preta), Amelia Esther, Esmeralda, Jycela e Thereza Esmeralda, faltando na foto as filhas Amanda e Jane Rose.

 E com seu filho Sanelva Aragão.

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