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domingo, 15 de maio de 2011

"Estou Emocionado Por Está Aqui Na Serra Da Barriga" Carlos Moore





Neste sábado o programa Mesa Z Cidadania na Rádio Zumbi foi um pouco diferente, a começar pelo horário, que foi de 09:00h às 12:00h

Outro fato que diferenciou o programa foi a presença de dois estrangeiros. O Embaixador da República de Cabo Verde, sr. Daniel Antonio Pereira, que está a mais de 5 anos no Brasil. O outro entrevistado foi o cientista político Carlos Moore, o cubano hoje vive em Salvador. Eles participaram do Mesa Z junto com a professora Arísia Barros.

Os dois estiveram em Alagoas nesta sexta-feira e sábado para alguns compromissos voltados ao dia 13 de Maio e visita a Serra da Barriga. Entre eles o II Seminário Afro-Alagoano e IV Festival Alagoano Das Palavras Pretas. O cientista político Carlos Moore fez o lançamento do seu livro "A África Que Incomoda"

O sr Daniel Antonio Pereira nos deu uma aula sobre o seu país, Cabo Verde, que mesmo sendo um país muito pobre o nível de analfabetos foi reduzido a quase zero, com incentivos à educação. Por outro lado, o país sofre com o turismo sexual. O governo faz uma malha fina para impedir a entrada desse tipo de visitante. O embaixador ainda disse que mesmo com alguns problemas o país é feliz pela proximidade com o Brasil e que são os detalhes que separam os dois países.

O cubano Carlos Moore é ativista social dos direitos dos negros. Ele fez questionamentos sobre a real situação do negros aqui no Brasil, como também do mundo.

Os dois estavam ansiosos para subir a Serra da Barriga e não pouparam elogios ao trabalho desenvolvido pela professora Arísia Barros aqui em Alagoas.

Fotos Tiradas na Serra da Barriga
A equipe que preparou o almoço

Carlos Moore concedendo Entrevista para a Rádio Zumbi

O Embaixador Daniel Pereira Concedendo entrevista para Rádio AG

Carlos Moore Subiu a Serra da Barriga e Chorou. Por Arísia Barros




Carlos Moore,etnólogo e cientista político cubano, rompeu com o regime de Fidel e lutou pela emancipação de África. Trabalhou com Savimbi, viveu de perto o calvário de Viriato da Cruz, privou com Mário de Andrade e foi angolano por um ano.

Na voz e no olhar, preserva o idealismo a que chamam utopia. Carlos rodou o mundo quando saiu exilado de Cuba. Foram 34 anos de exílio. O Doutor em Etnologia, Sociologia, História e Antropologia pela Universidade de Paris-7 (França) é um desbravador que põe crença na luta pela igualdade.

Carlos Moore militou ao lado de Malcolm X, Cheikh Anta Diop, Aimé Césaire, Maya Angelou, Stokely Carmichael, Lelia Gonzalez, Walterio Carbonell, Abdias Nascimento, Harold Cruse, Alex Haley, e tantos outros.

Carlos Moore esteve em Alagoas participando da Sessão Pública: Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, no 13 de maio, ocorrido na Assembléia Legislativa e contextualizou para uma plenária, essencialmente, jovem a importância das lutas negras atuais e da consciência do racismo que foi forjada, não tem só nos últimos 500 anos, mas, como algo com enorme amplitude, mais global e muito, mais intrusivo que uma ideologia.

Carlos Moore é uma personagem muitíssimo humana, cativante e coerente com suas convicções políticas. Em nome de todos os momentos adversos que viveu em busca da liberdade sem arrefecer da luta, propusemos o nome do cubano para a outorga da Comenda Zumbi dos Palmares pela Assembléia Legislativa de Alagoas, e ele disse não, sem a arrogância dos medíocres e sim com a humildade de quem viu e viveu a poderosa repreensão do estado.

Moore tem um desconforto natural em lidar com grupos institucionalizados. O discurso de Moore escapa da mesmice e das fórmulas prontas. Traz em si o sentimento de comunidade.
Um dos grandes sonhos do cientista político cubano era pisar o solo sagrado de Zumbi, o templo da resistência negra, na combalida, desigual e conformada Alagoas, que um dia foi de Palmares, da primeira sociedade política organizada das terras de Cabral e nesta manhã de sábado, dia 14 de maio, embaixo de uma chuva sonora e tímida, Carlos subiu a Serra e extremamente emocionado chorou o choro do reencontro ancestral.

Encantado com a grandiosidade da estrutura do Parque Memorial Quilombo dos Palmares ,o primeiro complexo arquitetônico de inspiração africana no Brasil e o único projeto afro-cultural do continente americano e da América Latina, Moore exclamou: “Ninguém nunca me disse que existia isso aqui! Eu simplesmente não tinha conhecimento disso! É uma maravilha! Eu pensei que na Serra da Barriga só tinha mato. Ah! Que coisa mais linda. Tudo tão estrategicamente pensando!

O encantamento ao depara-se com a memória das Áfricas nas Alagoas, como berço e túmulo do conceito e sentido de humanidade, reconstruída, pela determinação herculana de Patrícia Irazabal Mourão, fez Carlos novamente chorar.
Patrícia Mourão não é militante, não é uma ativista negra ou coisa que o valha.
Patrícia Mourão é mulher aguerrida e empreendedora que enxergou as potencialidades, seja histórica, turística, emprego e renda que o monumento histórico proporcionaria a comunidade do entorno de Palmares e do mundo e ousou construir o Parque, quebrando a hegemonia “dos donos do território e da história”.

Por ter insistido em romper com a história da acomodação colonialista e erguer o cenário da história de Zumbi, Patrícia Mourão foi execrada em praça pública.
Após ter pisado o solo sagrado do Quilombo dos Palmares de Ganga Zumba e Zumbi dos Palmares, herói nacional brasileiro, inscrito no livro do tombo, em 21 de março de 1996 (Dia Internacional pela Eliminação do Racismo) e de tantos e tantas guerreiras e guerreiros de cores diversas Carlos Moore sentiu a familiaridade da história.

Segundo ele: “Senti como se eu tivesse na República Negra dos Quilombos. Quando cheguei a Serra da Barriga, senti que estava voltando de uma longa viagem, porque senti tudo familiar”.
Carlos Moore saiu de Alagoas determinado a conhecer Patrícia Mourão e incorporar-se a história do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, inaugurado em 2007, abraçando assim a história negra de Alagoas.

Valeu Carlos!
Valeu Zumbi!
Valeu Patrícia Mourão!
Carlos Moore subiu a Serra da Barriga e chorou.
Você conhece o Parque Memorial Quilombo dos Palmares?



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