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sábado, 10 de dezembro de 2016

União dos Palmares foi município de Alagoas que mais desmatou a Mata Atlântica


União dos Palmares foi o município alagoano que mais desmatou a Mata Atlântica entre 2014 e 2015, com a eliminação de quatro hectares (aproximadamente a área de quatro campos de futebol) de floresta nativa. No sentido inverso, Piaçabuçu, cidade situada entre o Rio São Francisco e o Oceano Atlântico, é a que mais conservou o bioma, com 43,1% do total natural preservado.

Isso é o que mostra o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, lançado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esses são os principais destaques do Estado de Alagoas no levantamento da ONG.

Neste ano, em que a SOS Mata Atlântica comemora seu 30º aniversário, o estudo mapeou os 100 municípios que mais desmataram o bioma entre 1985 e 2015. Alagoas não conta com nenhum município nesta lista.

“O Atlas dos Municípios é extremamente importante, pois traz um balanço de quais estados e municípios têm dado o devido valor à preservação das florestas nativas e do meio ambiente. Nesta edição, por meio do levantamento de 30 anos, conseguimos mapear a situação das cidades e esperamos que esse Atlas contribua para incentivar os novos governantes a conservarem a Mata Atlântica”, disse a diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota.

Atlas dos 30 anos
O balanço de 30 anos do Atlas da Mata Atlântica mostra que as regiões Sul e Sudeste têm a maior quantidade de municípios entre os 100 que mais desmataram o bioma. Juntos, os estados do Paraná (40), Rio de Janeiro (13) e Santa Catarina (11) responderam por 64% desse ranking.

A Bahia tem 10 cidades no levantamento dos 100 municípios que mais desmataram a Mata Atlântica em 30 anos, seguida por Minas Gerais (9), São Paulo (6), Mato Grosso (4), Espírito Santo (3), Piauí (2) e Rio Grande do Sul (2).

O ranking dos 10 maiores desmatamentos entre 1985 e 2015 é liderado pelo Paraná, com cinco cidades, seguido pelo Rio de Janeiro (2), Bahia (2) e Santa Catarina (1).  Juntas, as 10 cidades desse ranking desmataram 169.858 hectares (1.698,58 quilômetros quadrados), área um pouco maior do que a da capital de São Paulo (1.522,9 km²).

Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8, o Atlas da Mata Atlântica, que monitora o bioma há 30 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha). “Foram anos de trabalho para que pudéssemos consolidar uma base temática (mapa) que permitisse atualizações anuais consistentes. A possibilidade de o cidadão comum poder acompanhar a dinâmica da cobertura florestal do município aonde reside é, sem dúvida, a materialização de uma intenção que tivemos no passado”, afirma Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.

Planos municipais da Mata Atlântica
Um dos instrumentos mais eficientes para que os municípios façam a sua parte na proteção da floresta mais ameaçada do Brasil é o Plano Municipal da Mata Atlântica, que reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, reforça que o plano traz benefícios para a gestão ambiental e o planejamento do município.
“O PMMA é extremamente importante, pois é um plano que depende diretamente da ação da comunidade local em parceria com a sociedade para ser aplicado, diferente das outras leis do país. A aplicação do plano permite o desenvolvimento de políticas locais de meio ambiente” afirma Mario.

‘Aqui tem Mata’
É possível acompanhar a situação dos remanescentes florestais em 3.429 municípios abrangidos pela Lei da Mata Atlântica no ‘Aqui tem Mata?’, hotsite que disponibiliza, por meio de mapas interativos e gráficos, informações sobre o estado de conservação de florestas, mangues, restingas e outros ambientes do bioma.

Basta inserir o nome de um munícipio para descobrir o que resta de vegetação, as bacias hidrográficas presentes na cidade, o ranking municipal de desmatamento e se existe alguma área preservada de Mata Atlântica no bairro ou em regiões próximas, como parques, reservas federais, estaduais e municipais, entre outras informações. Acesse www.aquitemmata.org.br.
Confira as listas completas em: https://nuvem.sosma.org.br/index.php/s/ublrLR8Vp4Fm6IX

Os mapas dos principais rankings nacionais estão disponíveis em: https://nuvem.sosma.org.br/index.php/s/zPxBZePmCXIFfXN.

Sobre a SOS Mata Atlântica
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG brasileira que atua há 30 anos na proteção dessa que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da Mata Atlântica, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, dentre outros. Todas essas ações contribuem para a qualidade de vida, já que vivem na Mata Atlântica mais de 72% da população brasileira. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.

Tribunahoje
03/12/16

Incêndio volta a atingir mata fechada em União dos Palmares

Bombeiros haviam controlado o fogo na noite de quinta-feira (8). Chamas voltaram por volta das 14h na Mata dos Frios, segundo militares.

Um incêndio de grandes proporções voltou a atingir uma área da Mata dos Frios, localizada em União dos Palmares, Zona da Mata de Alagoas, nesta sexta-feira (9), por volta das 14h. As chamas atingiram a mesma região na tarde de quinta-feira (8) e só foi controlado após 11 horas de trabalho dos bombeiros.

A assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros relatou que a suspeita é que alguma chama, do incêndio anterior, tenha se espalhado e, devido aos fortes ventos e tempo seco, a situação tenha retornado.

De acordo com o soldado Jaidson, o local é montanhoso e de difícil acesso. “Recebemos apoio das equipes de Maceió, mas mesmo assim, as chamas estão sendo muito difíceis de controlar. O local é repleto de morros, então os bombeiros estão com poucos equipamentos”.

Ainda segundo o soldado, o fogo chegou a ficar próximo de algumas residências, no entanto, a área foi isolada e as chamas próximas foram controladas.

"Nossa prioridade são as residências. Além das nossas equipes, os proprietários ajudam e o fogo é controlado rapidamente. Estamos trabalhamos para que o restante seja controlado pela noite, por conta da temperatura mais baixa", afirmou Jaidson.

O major Luciano, comandante do Grupamento de Bombeiros Militar (GBM), informou que a região passa por um longo período de estiagem e este pode ser um dos motivos do incêndio.

"Há muito vento, a região vive período prolongado de estiagem, a vegetação está seca e o solo também. As pessoas estão bem e evitamos que as casas fossem atingidas”, explicou o major.

Considerações sobre a educação

Em tempo algum, a profissão de professor foi tão desprestigiada, como também não há registros em nossa história de uma perda considerável de status social como tem ocorrido nos últimos anos. Baixos salários, desvalorização profissional e baixo nível das faculdades de formação, tem colaborado para o desbotamento silencioso do valor da mais importante função que um ser humano pode exercer sobre a Terra. Como se não bastassem as dificuldades elencadas, atualmente o professor se vê pressionado a exercer o papel do educador familiar, o que não é, e jamais foi seu encargo.

A educação formal dos saberes teóricos e práticos se faz tão importante quanto a educação familiar dos costumes, da moral e da cultura, pois enquanto uma nos prepara para os relacionamentos sociais a outra nos proporciona subsídios e estrutura para cumprirmos com nossos deveres e obrigações ante a sociedade que pertencemos. Neste contexto o educador formal não pode transfigurar-se por determinado período de um dia, em pai e mãe de seu educando, pois esses dois tipos de educação divergem entre si, ou seja, cada uma tem uma determinada especificidade, como também um determinado tutor. A divergência decorrente do processo do ensinar não é em si prejudicial ao aluno, mas é o que mantém o equilíbrio na formação de um cidadão íntegro e honrado.

Mesmo ante todas as dificuldades existentes no meio educacional, ainda se percebe muitos professores que exercem a profissão como um sacerdócio, uma devoção que transcende o entendimento humano, pois em uma época em que tudo é mercadoria, está se tornando raro comportamento como esse. São esses professores que se tornam marcantes na vida de seus aprendizes, pois não ensinam apenas o que é peculiar, mas despertam a curiosidade e a vontade de desvendar o desconhecido. Educadores que sem perceber se tornam referências inesquecíveis na vida de seus alunos, pois permitem que eles se posicionem, indaguem e participem do processo da aprendizagem.

A devoção desses professores excepcionais está no fato de não se prenderem somente nas questões burocráticas e formais, mas ao se esforçarem para criar mecanismos que despertem nos alunos o espírito crítico e o correto uso da lógica, sem influência político ideológica, isto é, a formação de cidadãos autônomos moral e intelectualmente, a preparação não somente para o mercado de trabalho, mas também para a vida. O professor por excelência é aquele que amando o que faz deseja mais do que tudo, ser superado por seu aluno, fora isso, o educador é apenas um repassador de conhecimentos. 

O bom professor é aquele profissional capaz de encontrar sempre uma forma de despertar o interesse de seu aluno pelo conhecimento e a vontade de ir além, ir à busca de encontrar-se consigo mesmo, com seus potenciais e vivenciá-los.

Com o tempo percebi que meus melhores professores foram aqueles que proporcionaram o protagonismo da sala de aula aos alunos. Profissionais que mantinham controle sobre o próprio ego, mantendo-se longe da possibilidade de tornar-se o centro das atenções e com isso monopolizar o ensino. Educadores que sabiam compartilhar o conhecimento e também absorvê-lo, pois parafraseando o filósofo Blaise Pascal: ninguém é tão ignorante a ponto de não ter o que ensinar e muito menos é tão inteligente que não tenha o que aprender.

Ressalta-se que o bom professor não é aquele conivente com o desleixo do aluno, muito menos o mau professor é aquele que exige e chama o aluno à suas responsabilidades. Por experiência própria posso dizer que somente o tempo pode julgar um professor. Os professores que inocentemente julguei bonzinhos, na verdade me prejudicaram, pois foram coniventes com minha preguiça inata. Os mestres exigentes que julguei carrascos estavam me preparando para a vida, percebi isso após levar a primeira surra das circunstâncias que moldam o mundo dos homens.
Por: Davi Roballo 
Jornalista. e-mail:daviroballo@gmail.com

Escravidão em Alagoas é tema da Revista Graciliano

“Alagoas, Nação Zumbi”. A chamada da capa da edição 28 de Graciliano não poderia ser mais adequada ao tema. O atual número da revista editada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos aborda com minúcia e profundidade um período essencial ao entendimento de nossa formação enquanto povo e pátria. E, como sabemos, o estado está na gênese dessa história de sofrimento, resistência e superação.

Se a escravidão está fortemente ligada a inicial formação econômica do Brasil, Alagoas foi – e continua sendo – território de cultivo de uma das principais matérias-primas de exportação da época colonial: a cana-de-açúcar.

Se a palavra de ordem é resistência, por aqui tivemos Zumbi e o Quilombo dos Palmares, ícone maior na luta pela liberdade de uma gente oprimida, torturada e dominada unicamente e exclusivamente em função de sua cor e de sua origem.

Também não nos faltam estudiosos e obras seminais reconhecidos sobre o assunto. Arthur Ramos – de quem publicamos artigo sobre miscigenação–, Manuel Diégues Júnior, Abelardo Duarte e Dirceu Lindoso, entre os mais destacados.

Acrescente aí a herança religiosa e artística de matriz africana e Alagoas se torna chão, centro e coração neste episódio secular e decisivo para a constituição da brava gente brasileira.

História e mito
Iniciamos o retorno ao passado pelas trilhas que levam ao Quilombo dos Palmares e a Zumbi. O repórter Luís Gustavo Melo vasculhou informações em livros, fuçou teses na internet e ouviu pesquisadores de diversas universidades com o objetivo de trazer um relato sério e sensato sobre um lugar perdido no tempo e um mito guardado pela história.

Noutra frente, a jornalista Carla Serqueira investigou pesquisas, fatos e relatos de hoje e de outrora para nos apresentar um panorama de como a escravidão afetou relações humanas e sociais em Alagoas – antes, durante e após a emancipação de Pernambuco. São duas reportagens de fôlego, cobertas com dados, números e informações relevantes.

Esse primeiro conjunto de textos, assim como a capa da edição, receberam as ilustrações do designer gráfico Thiago Oli, que integra a equipe de editoria da arte da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. Certamente, um destaque à parte.
Também avançamos no tempo e chegamos às comunidades quilombolas que descendem de mocambos. Bárbara Esteves viajou até duas delas e encontrou um retrato duro de um povo que ainda carrega as marcas de um flagelo.

Na principal entrevista, expandimos o assunto para temas correlatos: discriminação, racismo, cidadania, políticas públicas para minorias e a escravidão nos dias de hoje. Reconhecida como uma das mais sérias e dedicadas pesquisadoras brasileira sobre o tema, a doutora em História Wlamyra Albuquerque, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), expõe com propriedade seus argumentos contundentes.

A seção In Loco mostra o outro lado da moeda. Numa visita a cidade de Viçosa, a museóloga Cármen Lúcia Dantas presenteia o leitor com um passeio pelos cômodos da casa-grande da Fazenda Bananal. A propriedade remete ao século 19 e possui um dos mobiliários de época mais bem preservados de Alagoas.

Por fim, o Ensaio Visual foi assinado pelo artista multimídia Glauber Xavier. Seu olhar capturado pelas lentes registrou manifestações da cultura afro em Alagoas. O culto aos orixás, o batuque do ijexá e a roda de capoeira flagrados em instantâneos de extrema sutileza poética.

SERVIÇO
GRACILIANO 28 - Alagoas, Nação Zumbi
Editora: Imprensa Oficial Graciliano Ramos (96 págs.)
Preço: R$ 10
Onde encontrar: nas bancas, livrarias e no site e na sede da Imprensa Oficial Graciliano Ramos 

Fernando Coelho - Agência Alagoas