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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A crise financeira do Grupo João Lyra

Taline, Eu e Gednea.

Nunca se falou tanto da Usina Laginha, em União dos Palmares, ou das outras empresas do Deputado Federal João Lyra. O principal motivo é a falência da usina que fica no nosso município e os constante atrasos salariais das demais usinas no Estado de Alagoas.

Trabalhei na Usina Laginha por quase 15 anos e lá fiz muitos amigos, que quando encontro na rua falam da situação atual da empresa. A frase mais comum é "quem já pensou que um dia a Laginha ia passar por isso?". O grupo sempre esteve presente nas memórias do palmarino como uma empresa sólida, que empegou muitos palmarinos e pessoas de outros lugares.

Muitos alegam que o temperamento do dono é um dos fatores da crise, pois não divide com os filhos a administração de todos os bens do grupo. No tempo que passei lá até as visitas de familiares era algo raro na empresa.

A própria presença do dono na empresa era algo temeroso. Digo "temeroso" porque quando se sabia que ele estava no local era comum muitos torceram para que ele não visitasse determinado setor de trabalho. Acontecia coisas como carro de transportadora se estivesse descarregando só poderia sair depois que ele fosse embora. Quem fosse entrar pra descarregar só podia fazê-lo depois que ele não se encontrasse lá. Telefone não podia tocar, funcionário não saía de seu departamento. Tudo isso porque ninguém queria correr o risco de perder o emprego. Um fato curioso é que os funcionários das usinas fora de Alagoas não tinham "medo", já que ele, João Lyra, participava das festas dos funcionários.

Na época que trabalhei na empresa passei por três setores: balança, escritório e almoxarifado. Tive apenas dois contatos diretos com o industrial. Nas duas oportunidades ele entrou no almoxarifado e fez perguntas sobre um material que tinha chegado. 
            
Esse é o segundo ano que a Usina Laginha não vai moer. Outra usina do industrial, a Guaxuma, na cidade de Coruripe, também está fechando as portas. O Estado de Alagoas que não tem um parque industrial como outros Estados do nordeste sofrerá com a crise do setor canavieiro. 

Há tempos geógrafos e estudiosos discutem os efeitos da cana-de-açúcar. Veja alguns trechos que o professor Reinaldo Sousa, mandou para o blog em recente comentário seu sobre uma matéria publicada aqui.

"Como sabemos, “[...] o Nordeste sempre foi latifundiário” (ANDRADE, 2011, p. 25) e sua base econômica, por conseguinte da burguesia, “[...] foi indiscutivelmente a constituição da atividade de produção de cana e do açúcar [...] truísmo sobre o qual não pode haver nenhuma divergência de fundo” (FRANCISCO DE OLIVEIRA, 1993, p. 59)

"[...] como conseqüência natural do latifúndio, vem a monocultura com todo o seu cortejo de deficiências. A monocultura, agora, como nos tempos coloniais, acarreta a falta de alimentos indispensáveis e, conseqüentemente, a deficiência eugênica da população. Se há pouco alimento, este sobe a preços astronômicos e a massa da população passará fome e se tornará fraca e deficiente para o trabalho. (MANOEL CORREIA ANDRADE, 2011) 

Que a crise da cana-de-açúcar seja o início da abertura de novas empresas e estabelecimentos comerciais, para que a população possa retomar os seus postos de trabalhos e que os governos estadual e municipal possam tirar o Estado de Alagoas desses índices negativos.
      

Vamos lá de novo?