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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Memórias da Serra da Barriga, território de amores!

Meus primeiros contatos com a Serra da Barriga se deram na juventude, com as Pastorais católicas, quando subíamos a pé em atitude de fé e reencontro íntimo com a ancestralidade guerreira.

Cantávamos e dançávamos a liberdade!

Meus amigos da Pastoral de Juventude do Meio Popular movimentavam uma energia incrível, pelo senso de pertença à história de Zumbi, nossa história!

Outras tantas vezes voltei à Serra, quando a política de nacionalização do patrimônio foi realçada, e lá estive também quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava no calor abrasante, tão perto do povo, tão perto dos ancestrais negros e caboclos guerreiros!

A Serra é habitação dos resistentes, que não desistem de incentivar quem está sufocado pelas lides do mando!

Nessa energia de plenitude, uma jovem mulher estudante de Ciências Sociais e um jovem rapaz estudante de Jornalismo começaram um namoro que dura até estes dias, lá no platô das divindades.

Eu e Odilon Rios saímos da Serra da Barriga como namorados!

Tanto amor e carinho por aquela barriga sinuosa, é a imagem da Serra na noite do velório do meu pai, José Bento, um negro palmarino que foi velado nas margens rasas do Mundaú na noite de 13 de outubro de 2016, enquanto uma lua de enorme disco de prata passeava pelo céu a clarear os caminhos dos filhos dos tempos.

Como fugir ou negar essa sina de resistência?

Há sangue de negro nas minhas veias palmarinas, e meu coração canta e chora a saudade dos amores e a alegria de amar, aos pés da Serra.

Todos os dias a luta por liberdade se refaz.

Zumbi e Dandara estão em cada um de nós.

Ela vive


Mulher, negra, violentada. O que parece manchete atual, na infelicidade de não termos superado resquícios históricos, é a descrição de Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares.

Na semana passada, ao assistir diversas manifestações sobre a Semana da Consciência Negra, conheci esta história. Depois da admiração por esta mulher, me indaguei o porquê de nunca ter lido sobre ela ou visto seu nome e sua trajetória em meus livros de História.

Em 1665, em Angola, aconteceu a Batalha da Ambuíla e, nela, uma princesa foi capturada. A filha do rei foi trazida para o Brasil, por diversas vezes foi estuprada e virou escrava reprodutora. No entanto, como nobre, tinha estudo e poder de estratégia, e assim, organizou uma fuga e orientou outros escravos. Foram para a região onde se firmou o Quilombo dos Palmares e lá tornou-se governante, graças a seus conhecimentos de política, organização e guerra. De sua filha Sabina, nasceu Zumbi.

A trajetória de Aqualtune não aparece nos livros oficiais porque, como muitas, trata do protagonismo feminino e, ainda, da versão dos oprimidos. Para conhecer histórias como estas, a Internet acaba sendo uma brecha e uma contracorrente. Na rede podemos saber de relatos de pessoas comuns, opiniões de desconhecidos, lutas de marginalizados. Nela, na semana passada, vimos que muita gente não vê sentido no Dia da Consciência Negra, por achar que “todo dia é da Consciência Humana”, numa tentativa de se esquivar da reflexão que a data propõe.

A celebração ocorre em 20 de novembro pois, neste dia em 1695, morreu Zumbi dos Palmares. O Quilombo foi mais do que esconderijo de escravos – ideia que nos foi ensinada como leitura de que “quem se esconde fez algo errado”. Tornou-se uma sociedade alternativa, organizada, democrática, em pleno século XVII, em plena escravidão. Foram cerca de 20 mil pessoas que viveram ali. Foram mais de 100 anos de existência. Foram 17 expedições militares que não conseguiram derrotar Palmares.

Esta data tem de ser lembrada e estas histórias têm de ser contadas, pois trata-se do feito simbólico da liberdade e da independência mais importante do Brasil. Talvez isso deva ser a inspiração para o termo “consciência negra”, como proposta de reflexão, de autoconhecimento e de busca por direitos iguais. Talvez seja o dia em que mais se deva pensar na provocação feita pela professora e socióloga americana Jane Elliott: “Eu quero que todas as pessoas brancas nessa sala, que ficariam felizes se fossem tratadas como essa sociedade, em geral, trata os cidadãos negros, por favor, se levantem”. Ao perceber que ninguém ficou de pé, ela arremata: “Isso mostra claramente que você sabe o que está acontecendo, você sabe que não quer isso pra você. Eu gostaria de saber por que vocês estão aceitando e deixando isso acontecer com os outros”.  

Para pensar. E agir.

domingo, 25 de novembro de 2018

Otávio Praxedes destaca importância da educação para alunos de escola em que estudou


Mais de cinco décadas depois de ter estudado na Escola Estadual Rocha Cavalcanti, em União dos Palmares, o presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Otávio Praxedes, pôde incentivar, nesta quinta-feira (22), os atuais alunos da instituição a se dedicarem aos estudos. O desembargador recebeu uma placa de reconhecimento pelos serviços prestados a Alagoas e aproveitou para falar sobre sua trajetória e suas conquistas através da educação.

“Hoje estou aqui para matar essa saudade do lugar onde iniciei tudo. Fui uma pessoa muito pobre e queria dar meu exemplo para as crianças daqui também e dizer que elas podem ter essa mesma realização de vida, sendo uma pessoa de origem humilde. Só tenho a agradecer a Deus por estar em uma condição melhor hoje, mas tudo através dos estudos”.

O desembargador Otávio Praxedes também lembrou dos tempos em que vendia pastéis feitos pela sua mãe na porta da escola para ajudar a complementar a renda da família, composta por uma mãe professora, pai motorista e 11 irmãos.
“Foi aqui que eu iniciei meus passos estudando e Deus me ajudando. Saindo daqui fui estudar em Maceió. Lá, fiz vestibular, entrei na Universidade Federal de Alagoas, terminei o curso de Direito, fiz outro curso superior, Administração Pública, e depois retornei à universidade para fazer pós-graduação. Posteriormente, fui a Buenos Aires fazer doutorado. A minha trajetória foi muito ligada aos estudos e reconheço que foi através disso que eu me realizei na vida. As coisas materiais que conseguimos nos dão uma sensação de felicidade, mas os estudos foram mais importantes para mim, porque o que aprendi na vida ninguém nunca me tirou”, revelou o presidente.

Diretora da escola desde 2015, Sandra Vitorino Nascimento explicou que a instituição alcançou, em 2017, a maior nota do IDEB em Alagoas. Segundo ela, homenagear o presidente Otávio Praxedes é uma forma de mostrar aos estudantes o poder da educação pública de qualidade.

“A escola está com o movimento normal porque não adiantava fazer uma homenagem a um ex-aluno sem estar presente a peça fundamental da nossa instituição, que são os alunos. Eles presenciarem que tem um ex-aluno que, em 1962, concluiu seus estudos na nossa escola e está retornando dentro de uma conquista profissional dessas é algo de se espelhar e dizer ‘eu também sou capaz’. Nada mais tem fundamento do que você educar pelo exemplo, exemplificar que o aluno é capaz de conquistar o que ele quiser, desde que tenha, primeiro, fé em Deus e, segundo, que ele se agarre a nossa arma poderosa que é a educação”, disse a diretora.

José Elaine Lopes de Oliveira, amigo de infância e ex-professor do presidente Otávio Praxedes, lembrou o tempo em que jogavam futebol juntos e dos momentos na sala de aula.

“Pela carência de professor, eu terminei o ginásio e fui ensinar. Ensinei 3ª e 4ª séries a ele, ensinei Matemática e Organização Social e Política Brasileira. Como aluno ele era bom, tinha suas fases, mas era comportado por causa da disciplina doméstica. É um prazer muito grande ter um amigo de infância que hoje se encontra como presidente de um dos poderes do estado. Para mim é um orgulho”, disse.

Também muito lembrado pelos colegas pelo seu desempenho como jogador de futebol, o presidente Otávio Praxedes falou sobre sua trajetória curta e feliz no esporte.

“Eu e meus irmãos gostávamos muito de jogar futebol, mas minha mãe puxava muito pelos estudos. Também tive muitas realizações jogando futebol, comecei jogando no [time] Zumbi, no Náutico e quando fui estudar em Maceió fui convidado para jogar no CSA. Fui campeão alagoano, mas deixei o futebol rápido. Com 21 anos fui me dedicar aos estudos. E foi através dos estudos e com essa lembrança muito positiva do futebol que eu agradeço a Deus pelas realizações de vida”, contou.

Dona Elza Lopes de Oliveira, que foi vizinha e colega de escola do presidente, falou sobre a emoção de poder rever todos da família e relembrar a época em que conviviam. “Ele era um ótimo colega, jogava muita bola, chegava suadinho em casa e a mãe dele já mandava ele tomar banho para ir para a aula. Eu morava perto deles, ele era um menino educado e muito bom e continua. Fiquei muito emocionada em rever ele, a mãe e os irmãos. Relembramos o passado”, disse.

Os estudantes da escola fizeram da homenagem uma grande festa com apresentações culturais, como peça teatral, apresentação de música e contação de poesias. O Coral do Poder Judiciário de Alagoas também participou da solenidade.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Projeto Antonio Gomes reconhece potencial da cultura afro-brasileira

Na última terça-feira, 20, comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A data celebra a memória dos guerreiros quilombolas e do seu maior líder Zumbi dos Palmares. Nessa semana festiva a Escola Municipal Dr. Antonio Gomes de Barros apresentou para a comunidade escolar e visitantes o projeto “União dos Palmares revive em mim, sou Filho do Quilombo, Negro Sou!!!”. O projeto engloba diversas atividades desenvolvidas pelos professores que abordam temas como racismo, o surgimento do quilombo e seus principais nomes. 

Há 5 anos a escola Antonio Gomes vem abordando temas relacionados a questão da negritude no município através de exposições e atividades em sala de aula. O Projeto Afro é coordenado pelo professor José Marcelo. A exposição desse ano teve um espaço para interação dos alunos e visitantes nos corredores da escola. Todos poderiam colorir alguns dos desenhos espalhados pela mostra.

Entusiasmados os estudantes prestigiaram nesta tarde uma dramatização teatral (Destruição de Palmares), dança (Dandara), leitura de livro (Menina bonita do laço de fita), poesia (Me gritaram negra), gráficos (Porcentagem de negros no Brasil, Nordeste e Alagoas), capoeira e concurso do mais belo e bela estudante negro. 

A cada apresentação ficava nítido a felicidade dos professores e alunos envolvidos no evento ao tempo que TODOS estavam torcendo para o sucesso dos companheiros. 

Foi justamente neste clima de solidariedade que foram feitas falas da direção e coordenação da escola. "Quero agradecer o comprometimento dos profissionais e alunos a cada ação proposta pela Secretaria de Educação de União dos Palmares (SEMED). O que vocês estão apreciando nesse momento é uma super aula enriquecedora que vocês vão levar para a vida" falou Cleonice da Silva. 

Em 06 de fevereiro de 1694 o Quilombo dos Palmares foi destruído pela tropa de Domingo Jorge Velho. A invasão deixou um banho de sangue onde negros, índios e brancos pobres foram exterminados. E, precisamente, hoje vimos a força dos discentes e o pertencimento sobre a cultura palmarina que é conhecida no mundo pelo legado de liberdade que tanto lutou os militantes que viviam no Quilombo dos Palmares. 

Viva Zumbi dos Palmares!!!
             



segunda-feira, 19 de novembro de 2018

130 anos depois… – A nódoa do racismo ainda permanece

 Mesmo sentindo na própria pele as consequências do racismo, presidente da Unegro aponta que houve avanços nos últimos anos

A escravidão do povo negro no Brasil durou mais de três séculos, perdurando de 1550 até 1888. Durante esse tempo, os negros escravizados deram uma contribuição inestimável para a construção do país, tendo sido responsáveis pelo impulsionamento da economia nacional mas, ao mesmo tempo, sofrendo todo tipo de violência e privação decorrentes da sua condição de povo escravizado.

A situação de escravizados não foi aceita pacificamente por grande parte dos negros trazidos à força da África, que resistiram à situação e fugiam para dentro das matas fechadas, criando os chamados quilombos, que abrigavam os negros que fugiam de “seus donos” e se juntavam a outros na mesma situação para resistir à escravidão.

O mais famoso de todos os quilombos foi o de Palmares, localizado na Serra da Barriga, no estado de Alagoas, que chegou a abrigar cerca de 20 mil negros fugidos da escravidão. Seu maior líder, Zumbi, foi morto em 20 de Novembro de 1695, cerca de um ano após todos os demais negros do quilombo serem dizimados por forças militares enviadas pelo governo da época.

Hoje, decorridos 130 anos da libertação dos negros escravizados, os cidadãos negros e as cidadãs negras ainda sofrem com o preconceito racial e com a discriminação por conta de sua cor, o que pode ser visto não só pela forma discriminatória como muitos são tratados, mas principalmente se observarmos o reduzido número de negros e negras que ocupam posições de destaque na sociedade brasileira e a pequena quantidade dos mesmos que goza de boas condições financeiras.

Para lembrar o sofrimento dos negros e negras escravizados e denunciar o preconceito que até hoje vitima essas pessoas por conta da cor de sua pele e de sua herança histórica, foi instituído o Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares.

Fonte: A Tribuna

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Lançada a programação do 20 de novembro em União dos Palmares

A Prefeitura de União dos Palmares disponibiliza nesta terça-feira (14/11) a programação oficial dos festejos em alusão ao mês da Consciência Negra, cujo o dia nacional é 20 de novembro.
No cronograma que ocorrerá na Serra da Barriga (Parque Memorial Quilombo dos Palmares), seguem os tradicionais cortejos religiosos de matrizes africanas, com uma homenagem também de orquestra à Zumbi dos Palmares. Já no município, grande parte da programação vai acontecer na Estação Ferroviária, lugar de importante representatividade histórica, com apresentações artísticas e culturais, mobilização das escolas municipais em tributo à temática, feira de artesanato, concurso de reggae, uma projeção mapeada na Casa Jorge de Lima, e muito mais.
O Parque Memorial da Serra recebe cerca de 20 mil visitantes todos os anos. O local abrigou o Quilombo dos Palmares, um marco na luta de mais de um século dos negros escravizados no Brasil, certificado, inclusive, como Patrimônio Cultural do Mercosul.
Confira a programação completa nas artes em anexo, que tem apoio da Fundação Palmares e do Governo do Estado.
Secom

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Alunos da Escola Antonio Gomes visitaram Ong União Ambiental nos Terrenos

 Edjane Melo, Mary de Souza, Paula Marinho, José Marcelo e Álvaro Messias.

 
Na tarde desta quarta, 14, um grupo de estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental II da Escola Municipal Dr. Antonio Gomes de Barros, estiveram visitando a ONG União Ambiental, localizada no Bairro Roberto Correia de Araújo.

Alunos e professores foram recepcionados pelos ambientalistas Álvaro Messias, Paula Marinho e Mary de Souza, integrantes da equipe que coordena esta Ong que vem desenvolvendo ações para preservar o meio ambiente na cidade e nos municípios vizinhos como Branquinha, onde foram doadas 50 mudas da mata atlântica para que alunados e professores da Escola Estadual Juvenal Lopes de Omena, inseriram as mudas na mata ciliar. Do mesmo modo, em União dos Palmares, a Uneal e outros parceiros também realizam atividades às margens do Rio Mundaú, em frente ao Hospital São Vicente de Paulo entre outros espaços públicos.

A visita in loco proporcionou aos educandos da Antonio Gomes ampliar seus conhecimentos, uma vez que muitos trabalham com seus pais na agricultura familiar. além disso, o colégio desenvolve o Projeto Abastecimento de Água Potável, Direito de Todos, segundo a coordenadora Cleonice da Silva “O objetivo é sensibilizar a comunidade escolar e o Poder Público para melhoria no abastecimento de água potável no distrito de Rocha Cavalcante” e concluiu “Uma das ações é apontar as interferências que o homem pode fazer na natureza a partir da realidade socioambiental, onde contamos com o apoio da Sala verde, SAAE, Secretaria de Meio Ambiente de União, Braskem e IMA”.

Nesta aula de campo puderam visitar três viveiros, onde aprenderam o funcionamento de plantas ali cultivadas, de manusear ferramentas, mudas, como plantar e pintar pneus utilizados como recipientes para receber mudas.

Dinâmico, Álvaro Messias, conduziu o grupo nas tarefas propostas com o apoio da direção, ao tempo alertava aos alunos a procurar boas instituições, como o IFAL Instituto Federal de Alagoas, cujo é parceria da Ong onde os acadêmicos podem estagiar e colaborar com as atuações feitas pela equipe.

A professora Edjane de Melo ressalta que é muito importante esse tipo de ensinamento para os alunos, pois, os mesmos podem interagir e ter maior assimilação desse conhecimento. “Os adolescentes prestam mais atenção a um momento como esse, é diferente e será algo que vão lembrar para sempre”.

Queremos agradecer, em nome da diretora Sandra Viera e alunos, a acolhida dos ambientalistas da Ong União Ambiental onde nossos alunos amaram o estudo de meio realizado.