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sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Família como parte do processo de Ensino e Aprendizagem


Falar de família é antes de tudo um prazer. Sobretudo, em meio a tanta dificuldade de se fazer uma educação de qualidade e até pelo momento social em que vivemos, torna-se importante compreender e analisar de forma contundente, as relações que envolvem a família no processo de ensino e aprendizagem e pararmos de fazer o jogo de empurra, colocando a responsabilidade sempre nos outros. Para Içami Tiba, médico formado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, especialista em psiquiatria pela mesma universidade, ao descrever sobre a importância da família  , Ele diz que:

A família é a única organização grupal que vingou, desde a Antiguidade até hoje. E acredito que os laços familiares é que perpetuam o ser humano e o ajudam a desenvolver uma sobrevivência digna. Assim, devemos melhorar a vida no planeta. Para isso, é preciso que cada pessoa comece uma mudança de atitude dentro de si [...] (TIBA, 2010, p.15)

Apesar de a sociedade vir atravessando por mudanças ao longo dos tempos, e que sem dúvidas acabam afetando de forma significativa as relações entre a família e a escola. Uma palavra que deve fazer parte de todos os seguimentos da sociedade no que se refere à educação é a responsabilidade. No entanto, o que se percebe é que essa responsabilidade vem sendo abdicada ou pelo menos em sua grande maioria por um desses núcleos tão importante da sociedade que é a família, no que se refere ao compromisso que a mesma tem em relação à criação dos filhos. É fundamental não perdermos de vista a obrigação e responsabilidade de outros setores da sociedade em relação à formação de cidadãos consciente, responsáveis e que venham a respeitar o direito de outras pessoas. Mas, primeiro, faz-se necessário salientar o dever constitucional de cada um desses setores da sociedade inclusive o da família. Segundo o que reza o Estatuto da Criança e do Adolescente no seu Art. 4º que diz:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA, 2010, p.19)

Observa-se que em primeiro lugar aparece o dever da família e esse argumento está em concordância com a Constituição Federal do Brasil no seu art. de nº 227 que diz: 

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Alterado pela EC-000.065-2010 (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988) 


Todavia, essa responsabilidade imputada pela constituição como dever da família de certa forma vem perdendo força ou sentido de ser, pois percebemos que família da maneira pela qual conhecemos hoje, vem atravessando um processo de mudança ao longo do tempo. Não se sabe se essa mudança trará ganhos ou perdas no que se refere à questão de referência para criança de uma família tradicional já estabelecida desde a antiguidade. No entanto, esse modelo de família tradicional que conhecemos infelizmente está deixando de existir, ou seja, está deixando apenas de existir apenas a chamada família nuclear constituída do homem (figura do pai), Mulher (figura da mãe), o chamado padrão tradicional de família, e que com o passar do tempo vem dando lugar a vários tipos e modelos de famílias. 

Com essas mudanças têm aparecido famílias que são compostas por apenas um dos genitores, ocasionadas por motivos de separação em função do nível de relação pouco duradora, outras são apresentada com a formação dos dois genitores do mesmo sexo, aparecem aquelas que fazem a chamada produção independente e aí surgem mães que criam os filhos sem a presença do pai. Outras que fazem da reprodução um meio de ganhar dinheiro oferecendo-se como barriga de aluguel, outras estão deixando de ter o pai (homem) como provedor e protetor, passando essa atribuição à mãe (mulher), é comum ver crianças que não são criadas por nenhum de seus genitores, pois os mesmos passam a responsabilidade para os avós maternos ou paterno da criança, e ainda sem contar com aquelas que por pura irresponsabilidade de seus genitores, por não estarem preparados emocionalmente para cuidar, dar carinho e amor, jogam seus filhos dentro da lata do lixo ou em terrenos baldios em pleno ato de perversidade e desrespeito com a vida. 

E o que dizer daquelas famílias que não tem tempo para educar seus filhos e que deixam a cargo da televisão a chamada baba eletrônica a responsabilidade pela educação. O que dizer daquelas famílias que perderam a autoridade sobre seus filhos e essa perda de autoridade tem deixado varias famílias desconfortáveis quando lhes são cobradas pela escola a assumirem seus deveres. É sem dúvida uma grande perda para essas crianças  a ausência da autoridade dos pais, a presença dos mesmos no processo, como co-participantes do desenvolvimento e descobertas.

No entanto, o que percebemos é que estamos vivenciando uma avalanche de famílias desestruturadas emocionalmente, financeiramente (que é um problema social que deve ser pensado a partir de ações a serem desenvolvidas por parte do governo), desprovidas de afeto natural para com seus filhos, Que por sua vez são jogados a marginalidade como que alimento a um grupo de animais ferozes. Para Daniela Teperman (2012, p.45), psicanalista e professora nos cursos de pós-graduação do Instituto Singularidade: “No centro do debate, das pesquisas e das discussões sobre as mudanças no campo da família está a preocupação com a criação das crianças.

Como pensá-la nesse novo cenário?”.  

Quando lemos a constituição, percebemos que aparece a família como o primeiro grupo responsável em oferecer todos os direitos inerentes a criança e o adolescente. Entretanto, a realidade que percebemos dentro dos lares e no ambiente escolar é justamente o contrario. Contudo, à medida que essa discussão avança, consequentemente surgem vários questionamentos voltados a aprendizagem dessas crianças que caem como que de um para quedas dentro da sala de aula, que vem do “lar”, se é que podemos chamar de lar,  um lugar  onde deveriam receber por parte dos seus genitores  o mínimo de condições necessárias para sobreviver com dignidade e com o amor necessário ao desenvolvimento, mas que, só recebem desprezo e agressões de toda sorte, física à  psicológica. O que está posto, é uma realidade onde já se sabe, irá ter consequências gravíssimas dentro da sala de aula na aprendizagem dessas crianças. 

Então o que fazer? É sem dúvida uma pergunta emblemática e que requer muito cuidado ao afirmarmos quem são os verdadeiros culpados, ou de quem é a responsabilidade? Estamos tratando de um problema social de grandes proporções. Entretanto, é importante dizer que se as instituições de ensino não receberem o apoio da família nessa luta que se está travando, não irá conseguir resolver os grandes e graves problemas da educação. 
  
Evanes Alves
Mestrando em Ciências da Educação, Psicopedagogo Clinico e Institucional,

Especialista em Mídias na Educação e Geógrafo. 

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