Falar de família é
antes de tudo um prazer. Sobretudo, em meio a tanta dificuldade de se fazer uma
educação de qualidade e até pelo momento social em que vivemos, torna-se
importante compreender e analisar de forma contundente, as relações que
envolvem a família no processo de ensino e aprendizagem e pararmos de fazer o
jogo de empurra, colocando a responsabilidade sempre nos outros. Para Içami
Tiba, médico formado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo,
especialista em psiquiatria pela mesma universidade, ao descrever sobre a
importância da família , Ele diz que:
A família é a única organização
grupal que vingou, desde a Antiguidade até hoje. E acredito que os laços
familiares é que perpetuam o ser humano e o ajudam a desenvolver uma
sobrevivência digna. Assim, devemos melhorar a vida no planeta. Para isso, é
preciso que cada pessoa comece uma mudança de atitude dentro de si [...] (TIBA,
2010, p.15)
Apesar
de a sociedade vir atravessando por mudanças ao longo dos tempos, e que sem
dúvidas acabam afetando de forma significativa as relações entre a família e a
escola. Uma palavra que deve fazer parte de todos os seguimentos da sociedade
no que se refere à educação é a responsabilidade. No entanto, o que se percebe
é que essa responsabilidade vem sendo abdicada ou pelo menos em sua grande
maioria por um desses núcleos tão importante da sociedade que é a família, no
que se refere ao compromisso que a mesma tem em relação à criação dos filhos. É
fundamental não perdermos de vista a obrigação e responsabilidade de outros
setores da sociedade em relação à formação de cidadãos consciente, responsáveis
e que venham a respeitar o direito de outras pessoas. Mas, primeiro, faz-se
necessário salientar o dever constitucional de cada um desses setores da
sociedade inclusive o da família. Segundo o que reza o Estatuto da Criança e do
Adolescente no seu Art. 4º que diz:
É dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
(ECA, 2010, p.19)
Observa-se
que em primeiro lugar aparece o dever da família e esse argumento está em
concordância com a Constituição Federal do Brasil no seu art. de nº 227 que
diz:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Alterado pela EC-000.065-2010 (CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, 1988)
Todavia,
essa responsabilidade imputada pela constituição como dever da família de certa
forma vem perdendo força ou sentido de ser, pois percebemos que família da
maneira pela qual conhecemos hoje, vem atravessando um processo de mudança ao
longo do tempo. Não se sabe se essa mudança trará ganhos ou perdas no que se
refere à questão de referência para criança de uma família tradicional já
estabelecida desde a antiguidade. No entanto, esse modelo de família
tradicional que conhecemos infelizmente está deixando de existir, ou seja, está
deixando apenas de existir apenas a chamada família nuclear constituída do
homem (figura do pai), Mulher (figura da mãe), o chamado padrão tradicional de
família, e que com o passar do tempo vem dando lugar a vários tipos e modelos
de famílias.
Com essas mudanças têm aparecido
famílias que são compostas por apenas um dos genitores, ocasionadas por motivos
de separação em função do nível de relação pouco duradora, outras são
apresentada com a formação dos dois genitores do mesmo sexo, aparecem aquelas
que fazem a chamada produção independente e aí surgem mães que criam os filhos
sem a presença do pai. Outras que fazem da reprodução um meio de ganhar
dinheiro oferecendo-se como barriga de aluguel, outras estão deixando de ter o
pai (homem) como provedor e protetor, passando essa atribuição à mãe (mulher),
é comum ver crianças que não são criadas por nenhum de seus genitores, pois os
mesmos passam a responsabilidade para os avós maternos ou paterno da criança, e
ainda sem contar com aquelas que por pura irresponsabilidade de seus genitores,
por não estarem preparados emocionalmente para cuidar, dar carinho e amor,
jogam seus filhos dentro da lata do lixo ou em terrenos baldios em pleno ato de
perversidade e desrespeito com a vida.
E o que dizer daquelas famílias que não
tem tempo para educar seus filhos e que deixam a cargo da televisão a chamada
baba eletrônica a responsabilidade pela educação. O que dizer daquelas famílias
que perderam a autoridade sobre seus filhos e essa perda de autoridade tem
deixado varias famílias desconfortáveis quando lhes são cobradas pela escola a
assumirem seus deveres. É sem dúvida uma grande perda para essas crianças a ausência da autoridade dos pais, a presença
dos mesmos no processo, como co-participantes do desenvolvimento e descobertas.
No entanto, o que percebemos é que
estamos vivenciando uma avalanche de famílias desestruturadas emocionalmente,
financeiramente (que é um problema social que deve ser pensado a partir de
ações a serem desenvolvidas por parte do governo), desprovidas de afeto natural
para com seus filhos, Que por sua vez são jogados a marginalidade como que
alimento a um grupo de animais ferozes. Para Daniela Teperman (2012, p.45),
psicanalista e professora nos cursos de pós-graduação do Instituto
Singularidade: “No centro do debate, das pesquisas e das discussões sobre as
mudanças no campo da família está a preocupação com a criação das crianças.
Como pensá-la nesse novo cenário?”.
Quando lemos a constituição, percebemos que aparece a família como o
primeiro grupo responsável em oferecer todos os direitos inerentes a criança e
o adolescente. Entretanto, a realidade que percebemos dentro dos lares e no
ambiente escolar é justamente o contrario. Contudo, à medida que essa discussão
avança, consequentemente surgem vários questionamentos voltados a aprendizagem
dessas crianças que caem como que de um para quedas dentro da sala de aula, que
vem do “lar”, se é que podemos chamar de lar,
um lugar onde deveriam receber
por parte dos seus genitores o mínimo de
condições necessárias para sobreviver com dignidade e com o amor necessário ao
desenvolvimento, mas que, só recebem desprezo e agressões de toda sorte, física
à psicológica. O que está posto, é uma
realidade onde já se sabe, irá ter consequências gravíssimas dentro da sala de
aula na aprendizagem dessas crianças.
Então
o que fazer? É sem dúvida uma pergunta emblemática e que requer muito cuidado
ao afirmarmos quem são os verdadeiros culpados, ou de quem é a
responsabilidade? Estamos tratando de um problema social de grandes proporções.
Entretanto, é importante dizer que se as instituições de ensino não receberem o
apoio da família nessa luta que se está travando, não irá conseguir resolver os
grandes e graves problemas da educação.
Evanes Alves
Mestrando em Ciências da Educação,
Psicopedagogo Clinico e Institucional,
Especialista em Mídias na Educação e
Geógrafo.
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