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segunda-feira, 25 de julho de 2016

"Falar de Laginha gera em mim um misto de emoções, enche-me de alegria ao recordar das coisas que aprendi e vivi durante os anos que por lá passei" Por Gednéa Santos


Há algum tempo meu amigo Marcelo Pereira, fez-me o desafio de falar de uma gigante de minha cidade, perguntou-me: Na sua opinião ela foi ou não importante para União dos Palmares? 

De quem estamos falando? De uma linda Senhora chamada Usina Laginha. 

Sou suspeita para falar desta que me formou como profissional, mas, sem sombra de dúvida, aquela que começou na década de 50, no século passado, como um engenho de açúcar, com certeza, foi muito importante para o desenvolvimento econômico de nossa cidade. 

Quando lá trabalhei tive a oportunidade de conversar com alguns trabalhadores mais antigos e moradores da Comunidade Laginha, eles sempre destacavam que a usina não só gerava empregos, mas também desenvolvia um trabalho assistencial significante na área da educação, saúde e social para a população daquela região. 

Iniciei na empresa no começo de 2001 como aprendiz, já não era mais uma Companhia Açucareira, chamava-se agora Laginha Agro Industrial S/A – Matriz, produtora de álcool anidro e hidratado, também não era mais sozinha, tinha suas filhas Uruba, Guaxuma, Triálcool e Vale do Paranaíba, à época era de expansão. O Grupo JL ganhava o mundo, seus produtos eram conhecidos internacionalmente e para nos consolidarmos nesse mercado tão exigente, tínhamos que nos ajustar aos seus requisitos. Nascia um novo olhar voltado para o Compromisso, a Responsabilidade Social e a Sustentabilidade, muitos projetos despontaram selos, tais como: Abrinq e ISO 14001, sendo conquistados. 

Diante do exposto, até parece que Laginha era a empresa dos sonhos, sabemos que não era, muita coisa ainda precisava melhorar, muitos conceitos para serem desconstruídos e reconstruídos. Com ela, infelizmente tivemos dissabores, expectativas não atendidas, negligências... Sem ela, nosso comércio enfraqueceu, murchou, os que um dia foram seus operários, para não morrerem de fome, foram obrigados a se aventurar em lugares desconhecidos, suas terras não produzem mais e sua destilaria é coberta pela ferrugem. 

Laginha poderia ter deixado de existir na enchente de 2010 quando seus tanques de álcool e seu Prédio Administrativo foram arrastados pelas águas do Rio Mundaú, no entanto, assim como a fênix, ressurgiu das cinzas, ela, ressurgiu das águas. Tudo conspirava para um lindo progresso e um futuro promissor, até que seu dono usou parte de sua fortuna para campanha política, o desfecho dessa história todos já sabem a falência de um Império.    

Falar de Laginha gera em mim um misto de emoções, enche-me de alegria ao recordar das coisas que aprendi e vivi durante os anos que por lá passei, ao mesmo tempo, sou tomada por uma enorme tristeza quando penso que um patrimônio de tantas décadas, construído com tanto labor, simplesmente estagnou em pleno ápice de sua trajetória. 

Oh, Bela Dama, queria muito acreditar que um dia o teu apito voltará a soar.


Por Gednéa Santos


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