Pages

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

"Olha pra mim! Olha onde estou!" Por Wanderson Gomes



Não resta dúvidas de que 2014 foi um ano repleto de momentos importantes para todos os brasileiros. Esses momentos se caracterizam por suas grandiosidades, seja no esporte (com a Copa do Mundo), seja nas eleições. Um ano decisivo. Mas confesso que, para mim, esse ano ficará marcado pelas pequenas coisas, sobretudo no primeiro semestre. 

Sou natural de Murici, interior de Alagoas. Durante toda a minha vida, jamais tinha passado tanto tempo longe de casa, sem a comidinha de minha mãe e todo o aconchego, o companheirismo de meu irmão mais novo, as reuniões com meus amigos, as brincadeiras com meu cachorro ou qualquer outro elemento que compõe o meu cotidiano. Era, finalmente, chegada a hora de me despedir momentaneamente de Alagoas e partir para uma breve (longa) jornada no Rio de Janeiro, por quatro meses, para cumprir com uma parceria firmada entre o meu programa de pós-graduação (Programa de Pós-Graduação em Sociologia - UFAL) e Instituto de Estudos Sociais e Políticos (UERJ). Grande oportunidade que me entusiasmava e que, mesmo lá, demorei a acreditar.

A missão era acadêmica, mas as emoções mais fortes vieram através das experiências olho no olho com o povo carioca, no meio da rua, debaixo do sol ou da lua, numa mesa de bar, numa volta na praia ou naquele trânsito infernal. "Pequenas coisas? Mas  uma viagem assim é uma grande coisa, não?", você pode me perguntar. É verdade! No entanto, o que me marcou no Rio foram os detalhes, que pareciam se formar e se confluir como numa pintura linda e valiosa. O que me fazia sentir na pele e enchia meu peito de significado eram as coisas minúsculas do dia-a-dia, para além da pompa da "cidade maravilhosa".

No início, medo. Essa era a palavra. Medo do tempo (e do formato) de adaptação. Medo das condições de convívio ao lado de outros três amigos que também desfrutavam desta oportunidade. Medo da rotina longe da minha zona de conforto, do meu habitat. Medo da saudade... Mas, com pouco tempo, acabei encontrando um remédio bastante eficaz pra me acalmar e me fazer sentir em casa: as cores. 

As cores cariocas são as cores do Brasil. Não se resumem apenas em "verde e amarelo". As cores da Lapa, das bandeiras penduradas em cada esquina, prestando simples homenagens às seleções que disputariam a Copa; as cores do alto do Cristo, o verde das árvores e o azul do mar e do céu, que se confundiam com os tons cinzentos da cidade grande que, de lá de cima, ficava tão pequena, cabia na palma da minha mão; o rubro-negro do Maracanã, num dia pra lá de decisivo de Flamengo e Vasco, na final do cariocão; o colorido de corpos que transitavam em Botafogo naquele calor alucinante, e obedeciam a diferentes nacionalidades; o colorido no metrô, ornamentado com anúncios da seleção brasileira por todos os cantos; o preto predominante nas roupas daquele show de rock inesquecível do Gametas, uma das minhas bandas favoritas ou, ainda, a cor do samba... O Rio é samba! Eu posso jurar que saía cor até do sotaque... Aquele falado meio dançante, o "s" puxado, com todo gingado que caracteriza o carioca (até ali, só tinha ouvido pela TV, nas novelas). Ah, tinha o colorido nordestino... O "nosso" sotaque também estava por lá. Estava em tão grande número que me surpreendeu. Quanto mais diferentes eram os povos e seus componentes exóticos (cariocas, nordestinos ou estrangeiros), parecia haver uma união que me atraía, uma brasilidade que estava muito além do sentimento nacionalista envolvido com a disputa no futebol. Eu vivia um sonho colorido. Um sonho de um Brasil que eu tinha conhecimento apenas pelos livros ou nos filmes. Cores que se comparavam aos desfiles das escolas de samba. Coisas que vi e vivi que me fizeram suportar a saudade do colorido alagoano.

"Olha pra mim! Olha onde estou!"

Eu, definitivamente, não sentia mais medo. Muito pelo contrário! Abracei o Rio como um nativo o abraça. Tomei-o para mim e o consumi em cada aspecto, do meu jeito... A partir daí, eu também não seria mais o mesmo.

O tempo passou rápido... Bem rápido. Como dizem: "num piscar de olhos". Entretanto, acabou durando tempo suficiente para tornar este um dos melhores anos de minha vida, que marca a minha transição interna. Saí de alguém que tem uma zona de conforto para alguém que necessita de cores, todas as cores que esse mundo pode oferecer. 

Apesar de soar um tanto particular, essa experiência guarda um ingrediente de libertação. Libertação de quem somos em determinado espaço, por vezes limitado, e das oportunidades que nos transformam em algo novo, nos fazendo perceber a pluralidade de coisas (cores) que lá foram tem pra oferecer. 

2014 foi libertação. 

Para todos, um forte abraço e que tenhamos um grande 2015!



"Entrar para o curso de teatro foi o melhor momento de 2014" Por Kadu Oliveira



2014 em uma palavra:
Bagunça

Prometi e não cumpri:
Me manter na academia.

Melhor e pior momento de 2014?
O melhor momento aconteceu depois que eu fiquei muito triste quando resolvi fazer a inscrição do curso de teatro o qual eu ansiava fazer e não podia por causa da faculdade. Ao buscar na internet acabei descobrindo que a data já tinha passado e fiquei triste, revoltado na verdade rsrsrs... Porém meu amigo-irmão Islan que também ficou triste porque sabia o quanto eu queria fazer o curso, procurou saber com um amigo que estudava lá na Escola Técnica de Artes e ficou sabendo que pouca gente compareceu aos testes e por isso as inscrições seriam reabertas e daí fiquei atento ao edital, me inscrevi, fiz os testes, passei e finalmente comecei a cursar, e desde então venho aprendendo bastante. Então entrar para o curso de teatro foi o melhor momento de 2014. 

O pior momento foi quando comecei a desanimar com algumas coisas e isso me deixou muito pra baixo, a ponto de desanimar com tudo o que estava fazendo.

Me pegou de surpresa:
A chegada da princesinha mais linda do mundo a Juny, filha da minha sobrinha Julie. A Juny surpreendentemente me encantou e me faz sentir uma coisa muito boa e uma felicidade enorme quando vejo uma foto ou lembro do seu rostinho com aquelas bochechinhas rosadas e aqueles cabelinhos pretinhos. 
Foi uma linda surpresa.

Meta para 2015:
Realizar meus projetos teatrais, crescer como pessoa, crescer como artista, encarar os desafios que estão sendo propostos, me livrar do TCC, me manter na academia (Espero cumprir dessa vez) e me sentir bem e satisfeito a maior parte do ano.

Kadu Oliveira - Estudante do Curso de Teatro