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sábado, 6 de setembro de 2014

Histórias de Sílvio Sarmento "A Cavala"



Eu esperei encontrar até agora uma foto que representasse a figura da que nem eu e nem ninguem jamais conhecemos, mas que fez parte da minha infância e do imaginário de muitos adultos palmarinos até hoje: A CAVALA! Como não encontrei a foto, faça você mesmo à sua imaginação. Era inverno fechado quando correu na cidade a notícia de que um pássaro gigante, às altas horas da noite, voava da Serra da Laje à Serra do Frio, num estridente ruído que se entendia por... CAVALA !.. CAVALA!... CAVALA!... União não tinha ainda a energia e luzes de hoje.

A energia à motor era da Empresa Municipal e as luzes, pouquíssimas, serviam apenas à avenida e à Pça Basiliano e funcionavam das 18 às 22 horas. Comentários terríveis amedrontavam a meninada. "Foi a filha que bateu na mãe com um quarto de bode", diziam uns. "Uma previsão do Santo do Juazeiro", diziam outros. "Alguem que não pagou a promessa ao Padre Cícero". "O cumpade mais a cumade num cruzado fogo corredor!" Todos os dias formavam-se romarias no final da rua do Congote, verdadeiras correntes para ouvir (e quem sabe!), se juntar, matar ou excomungar a CAVALA.

Meu pai, ao tomar conhecimento do desejo de minha mãe de ver ou ouvir o tal bicho, reagiu com ironia e despreso o que não me desencorajou. Mas minha mãe, que não perdia nem caminhada das Santas Missões junto comigo, aliou-se à Massú, Belma, Zezé e outros vizinhos e fomos ver a CAVALA. Eu atolava a todo instante e observava curioso, medroso e atentamente o povo que ía e vinha com guarda chuvas, candeeiros, lanternas, sempre comentando o que não tinha visto, principalmente a CAVALA que nunca apareceu.


O que se ouviu e viu mesmo, e só alguns anos mais tarde é que vim entender, foi que, nove meses depois da CAVALA, inúmeras criança lotaram a recem construida Maternidade Santa Catarina do nosso Hospital São Vicente que teve sua capacidade esgotada. Rá rá rá! Aí virou folclore! /// MINHA TERRA, PORQUE TE QUERO! /// História parecida com essa é aquela de... "isso é a mesma coisa que catar pirim!" Quem souber, conte antes de mim. 

Relembrar, como era antes

Matadouro Municipal, antes da enchente de Junho de 2010

Centro Administrativo Antônio Gomes de Barros