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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Me Revolta Ser Professor" Reinaldo Sousa

Ainda lembro do dia que seria o dia mais feliz da minha vida, quando depois de longos sete anos terminava minha primeira etapa acadêmica. Jurava que seria um bom pesquisador, um crítico cidadão e, talvez, um ótimo professor. Esforcei-me para contemplar o primeiro, temi e não respondi ao sistema e por isso deixei a desejar o segundo. Fui para o ensino público e me revoltei com o terceiro.

Não me imaginava dando aulas numa sala com carteiras apenas para metade da turma, com meias-carteiras (literalmente) ou mesmo sem elas. Mas a minha revolta o consiste em apenas faltar as carteiras ou tê-las pela metade, afinal daria minhas singelas aulas até mesmo sem elas, mas o fato de alguém se dizer responsável por isso e não fazê-lo. Me revolta saber que existe alguém acima de mim que responde por isso, que pode solucionar o problema e não o faz. Me revolta como diria Dircila “[...] saber que não posso ser como quero para os outros e me alegro em saber que mesmo assim o sou”.

Não compreendo o porquê [e talvez até compreenda não sei!] de tamanha negligência com o ensino público neste Estado. É sabido que os níveis educacionais excelentes tendem a tornar os cidadãos livres, mas é sabido, também, que bons gestores entram pra História. Assim, me inquieta essa total falta de compromisso com a educação. Me inquieta ver o prédio onde trabalho quase ruir sobre minha cabeça.
Me inquieta sentir meus alunos impacientes não por me ouvir, mas sobretudo por estarem sentados em meia-carteira. Se isso está acontecendo no ensino superior fico me perguntando o que estará se passando com o ensino básico. Mas como diria Roosevelt “Faça o que pode, com o que tem, onde estiver”. É isso que faço!

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* Reinaldo Sousa é Mestre em Geografia e Professor Assistente da Uneal