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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Alunos de União dos Palmares e Branquinha ganham novas escolas

O governador Teotonio Vilela Filho inaugurou nesta segunda-feira (10) três escolas, sendo duas no município de União dos Palmares e uma em Branquinha. No total foram investidos R$ 13,5 milhões, R$ 4,5 milhões para cada unidade de ensino. As três escolas juntas têm capacidade para receber 3.780 estudantes.

Em União dos Palmares, as unidades entregues foram as Escolas Antônio Gomes de Barros e João Costa de Oliveira. Já em Branquinha, o Governo do Estado entregou a Escola Mário Gomes. Durante as inaugurações, o governador Teotonio Vilela destacou os avanços do Estado. “Por causa do nosso trabalho dedicado, hoje o Estado está transformado e em todos os segmentos aconteceram avanços significativos. Na educação, não foi diferente. Além do andamento das obras das escolas, até o final do ano serão construídas aproximadamente 30 quadras cobertas”.

Ainda em União dos Palmares, Teotonio visitou as obras do novo campus da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Segundo o governador, a instituição conquistou espaço e a credibilidade dos alagoanos pelos excelentes resultados alcançados por seu quadro acadêmico e desempenho dos alunos.

“A criação da Uneal abriu espaço no interior do Estado para estudantes que antes eram obrigados a se deslocar até a capital e estados vizinhos para cursar uma Universidade. Desde sua criação, há 43 anos, a Uneal já formou milhares de profissionais, hoje no mercado de trabalho graças aos estudos e aos investimentos no ensino universitário público”, afirmou.

Ainda de acordo com chefe do o poder Executivo em Alagoas, após onze anos sem realizar concurso público para professor efetivo, a Uneal abriu edital para o preenchimento de 50 vagas de professor efetivo, uma significativa conquista para a instituição, que está presente em Maceió, Arapiraca, Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios e São Miguel dos Campos.

Branquinha

No município de Branquinha, Teotonio Vilela lembrou que o Governo do Estado formou uma comissão para implantar o Plano de Cargos e Carreiras para os servidores do administrativo da Educação, um trabalho que resultou na avaliação de aproximadamente três mil processos. “Isso significa que houve incremento salarial para esses servidores de acordo com sua formação. O Governo do Estado concedeu um reajuste de 8,32% para os professores”, enfatizou.

A prefeita de Branquinha, Renata Moraes, agradeceu ao governador o apoio. “Quando o senhor entregar o Governo, irá deixar uma cidade satisfeita por ter tido um governador que cumpriu compromissos nos momentos mais difíceis que passamos como nas enchentes de 2010”, falou.

E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?

Novembro é oficialmente o Mês da Consciência Negra no Brasil. Apesar de ser importante e necessária, especialmente por se tratar de um país que teve séculos de escravidão de pessoas negras, essa data ainda é bastante incômoda para uma parcela da população. Mesmo assim, o mês de novembro mobiliza o movimento negro e desperta um interesse temporário nas escolas, instituições e noticiários, que costumam abordar o tema do racismo superficialmente no período próximo ao dia 20.

Aqueles que falam dessa data muitas vezes se recordam de Zumbi dos Palmares, que é o grande ícone da luta contra o racismo por sua resistência contra a escravidão. Mesmo na escola, muitos ouvimos falar de Zumbi e aprendemos que ele foi líder do Quilombo de Palmares, onde negras e negros que fugiam da escravidão podiam encontrar refúgio e organização política. No entanto, pouquíssimos sabem de quem se tratava Dandara dos Palmares, uma figura tão importante quanto Zumbi.

Dandara foi esposa de Zumbi e, como ele, também lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil; liderava mulheres e homens, também tinha objetivos que iam às raízes do problema e, sobretudo, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. E é precisamente pela marca do machismo que Dandara não é reconhecida ou sequer estudada nas escolas. Lamentavelmente, nem mesmo os movimentos negro e feminista mencionam Dandara com a frequência que deveriam. De um lado, o machismo, que embora conte com o trabalho árduo das mulheres negras, não lhes oferece posição de destaque e voz de decisão. Do outro, o racismo, que só tem memória para mulheres brancas.

Nós, mulheres negras, crescemos sem nos encontrarmos nos livros de história, poesia, literatura ou sociologia. O machismo racista da sociedade parece nos dizer que não temos o direito de encontrar representatividade e inspiração para rompermos as amarras da discriminação institucional. Muitas sabemos de Dandara e outras mulheres negras importantes somente devido a nossas próprias pesquisas solitárias, ávidas por descobrir. E, infelizmente, somos nós as mesmas pessoas que lutam para que essas mulheres não sejam apagadas da história.

Alguns pesquisadores, como o professor Kleber Henrique, que escreveu este belíssimo texto sobre Dandara, evidenciam o papel dessa grande líder e falam de sua sede por liberdade. Mas salientam que até hoje não se tem conhecimento de como era o seu rosto ou de onde veio. Se Dandara fosse uma mulher negra contemporânea, provavelmente seria mal vista por todos que se negam a enxergar o racismo. Dandara não queria acordos pela metade e nem se vendia em troca de libertação parcial. Morreu como a heroína que foi em vida e, graças à sua luta, hoje temos força para continuar a batalha contra o racismo brasileiro.

Portanto, me recuso a aceitar que Dandara seja figura esquecida ou que continue sendo lembrada sob a sombra masculina de Zumbi. A mulher negra quer e conquista seu espaço, pois tem força, inteligência e capacidade para romper com paradigmas machistas e racistas. O mês da Consciência Negra precisa ser cada vez mais o mês de Dandara dos Palmares, da autonomia absoluta da mulher negra e da completa liberdade feminina, que protagoniza as trincheiras da resistência contra a discriminação por cor e gênero. Dandara vive.