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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Sobre ser professor […]

Alguns dias atrás, diante de uma reportagem sobre as agressões vivenciadas por professores, mais especificamente o caso do professor Thiago, no interior do Rio de Janeiro, ouvi o seguinte comentário de um idoso, por volta de uns setenta anos, indignado com tal cena: – Nossa, na minha época isso não existia. Professor era respeitado. É revoltante. O que foi que aconteceu?

Ao compartilharmos esse relato e dialogarmos sobre, isso nos instigou, pois a violência não se manifesta apenas através dessa natureza física, mas está na violência verbal, moral, simbólica e psicológica, algumas vezes naturalizada e que gera uma sensação de impotência e conformismo que não deveria existir.

Mesmo sem conhecer exatamente qual o contexto que aquele senhor vivenciou em sua trajetória escolar, relembrar e retratar a forma como ele se posicionou, a expressão em seu rosto, nos fez refletir na fala de Paulo Freire “Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível.

Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho”. Enquanto professoras, toda essa situação nos traz um mix de angústia com o desejo diário e constante da transformação. 

Porém, uma transformação que não ocorre sozinha, isolada, mas é uma ação coletiva, conjunta, com o estabelecimento e o fortalecimento de uma relação efetiva e em parceria com as famílias, psicólogos, assistentes sociais, entre tantos e quantas pessoas e profissionais necessários e possíveis para somar nesse processo. Nossa intencionalidade na exposição dessas questões não é apontar uma solução para tal situação, afinal, isso requer uma discussão e problematização muito ampla e não algo superficial, contudo, acreditamos que deixar de falar sobre também não é viável.

Deixamos aqui o convite para a reflexão, seja enquanto pais, professores, alunos, mas, principalmente, enquanto sujeitos agentes de mudança. Necessitamos sim, expor e expressar nossas frustrações, angústias e questionamentos. Precisamos dialogar sobre, há emergência em nos fortalecermos. Atitude e conscientização, para prosseguirmos nos desafios diários e cotidianos em nossas práticas. 

No dia quinze desse mês de outubro, comemorado o dia do professor, algumas homenagens a nós foram direcionadas, e que essas homenagens não sejam apenas frutos de palavras vazias, de um reconhecimento que não ocorre na realidade, mas que sirvam para nos transformar dia após dia e se concretize em ação e mudança.