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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O que é ser um bom aluno?


É um terror para fazer os trabalhos de casa. Não está atento. Parece estar sempre no mundo da lua. Não fica concentrado. Fala muito com os colegas. Não para quieto no lugar.
 
Estas são algumas das queixas mais habituais entre alguns pais e professores relativamente a muitos alunos e às atitudes que dificultam o rótulo de bom aluno. A verdade é que, sem nos apercebermos, idealizamos comportamentos e formas de estar, consoante as nossas experiências e os nossos limites pessoais. No entanto a realidade são os alunos e filhos que temos e não os alunos e filhos que idealizamos.
 
Ser bom aluno tem, inevitavelmente, um mundo de etiquetas e caixas com comportamentos esperados que são, de uma forma geral, comuns. É o aluno que demonstra interesse, é o aluno que está concentrado nas aulas, é o aluno que tira boas notas.

Estes comportamentos são denominadores comuns para caracterizar um bom aluno. Mas gostava de ir mais além. Ser bom aluno ou ser bem comportado não é um conceito fechado. Nem poderá ser. Os contextos e profissionais existentes influenciam possíveis denominações.

Um bom aluno poderá ser um aluno médio ou um mau aluno em diferentes situações. O que deve ser fundamental é deter a flexibilidade e sensibilidade de ser capaz de “ler” a criança/jovem que temos à nossa frente e cuja a nossa missão é potenciar o seu desenvolvimento pessoal e social (embora, na maior parte das vezes, nos tentem fazer crer que é preencher grelhas, tabelas, esquemas e todo um trabalho administrativo que não, não deve ser o principal trabalho dos professores).

As crianças não são tábuas rasas e conhecer o seu background, conhecer os seus interesses, pontos fortes e pontos menos fortes permite compreender o ponto de partida. Permite traçar um plano que tem de ser e que é, sempre, individual. Ninguém tem duas histórias e referências iguais embora possam corresponder da mesma maneira a diferentes estímulos.

Ser bom aluno passa essencialmente pelo conhecimento. Um professor que não saiba ler a sua turma ou um pai que não saiba ler o seu filho vai dificultar o percurso, vai arriscar-se a cair em rótulos e perder-se nas expetativas desses rótulos.

Há crianças difíceis há. Mas há sempre um caminho. E há sempre um caminho para ser “bom aluno” – o aluno que tem sucesso tendo em conta as suas características sempre tão próprias.

Joana Almeida