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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Ser professor nos dias de hoje - Por Juliana Albuquerque*

Os avanços tecnológicos e as frequentes e intensas mudanças nos últimos tempos acarretaram impactos em diversas áreas, inclusive no âmbito educacional, onde observa-se o nascimento de um novo papel do professor, mais acessível e mais comprometido com o aprendizado. No entanto, observa-se também, que o cenário político do país ainda não o priorizou com coerência oferecendo condições que promovam sua formação contínua e valorize sua missão.

Alguns paradigmas foram quebrados em meio a tantas mudanças, um deles é de que o professor é o único que detém o conhecimento e que pode disseminá-lo em sala de aula. A relação de autoridade professor e aluno, que antes permeava o ambiente educacional, deixa de existir. O docente passa a ser reconhecido e respeitado por aquilo que sabe e que consegue fazer com que o estudante aprenda; e não por hierarquia. Diante disso, o professor passa a ser mais próximo do aluno, o enxergando em sua integralidade, levando em consideração seus traços como pessoa. Esta valorização da pessoa humana deixou a prática educacional com mais significado, pois o professor passa a olhar para seus alunos como pessoas individuais com necessidades diferentes e particulares, com isso nasce a necessidade do professor desenvolver em si próprio o olhar integral e humano para educar.

Além da formação específica o professor também deve buscar desenvolver-se na interdisciplinaridade, buscando dar sentido ao aprendizado dos alunos por meio da interação com as demais disciplinas. O modelo retrógrado de divisão das disciplinas em que uma não se conectava com a outra e o aluno perguntava-se pra que estaria aprendendo aquilo e quando ia usar, deixa de existir. O bom professor, comprometido com seu aluno, se esforça para que o aprendizado seja prático e repleto de significado, relacionando com as experiências do aluno.

Frente ao novo papel, o professor que já luta com salários defasados, péssimas condições de infraestrutura e apoio pedagógico para exercer sua prática profissional, encontra desafios ainda maiores. O que vemos hoje são professores se desdobrando para trabalhar, muitas vezes, em três turnos diferentes para conseguir obter o mínimo para sustentar suas famílias, não conseguindo ter tempo ou recurso financeiro para investir em sua própria formação.

A violência, que tem crescido também dentro da sala de aula, tem desanimado muitas pessoas a seguir carreira acadêmica. Durante as campanhas eleitorais ouvimos dos candidatos o quanto a educação é importante, no entanto o que observamos é uma realidade muito distante do discurso. O educador merece ter condições que oportunizem exercer a nova missão comprometida com o aprendizado do aluno e com a formação de pessoas e profissionais. O educador merece um governo que valorize seu papel formador para que a nação possa estar preparada para fazer escolhas coerentes com seus valores e deixe de ser manipulada por alguns que priorizam seus próprios interesses.

Mas, apesar de todas as dificuldades, o amor e o orgulho pela profissão fala mais alto. Porque ver uma criança ou um adulto se preparando para enfrentar um mundo, graças à sua dedicação, é perceber que ser educador vai além das quatro paredes, e o saber excede o ensino da leitura e da escrita.

Parabéns ao professor por seu dia! Que Dom Bosco inspire sua prática educacional para que, além do conhecimento técnico, seja repleta de amor.

*Juliana Albuquerque - Psicóloga, Coach, professora e coordenadora da Extensão Universitária da Faculdade Canção Nova.

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