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domingo, 20 de dezembro de 2020

Epa meu niver!!!


Vinte de dezembro de 2020, sem filtros, sem tinta no cabelo... E completando 49 anos! 

Pela graça de minhas divindades quero começar este textinho escrevendo a palavra que mais uso no meu dia a dia #Gratidão

Fui o cara mais RECLAMÃO e com um energia PESADA e RUIM. Todos os problemas não eram meus... Sempre me colocava no papel de vítima e coitadinho, o que ganhei com as reclamações? Anos de medos/ vergonhas/ solidão/ raiva e escassez de tudo.

O jogo virou há exatos três anos no momento que me vi com 152.90, com sintomas de depressão, idas ao São Vicente de Paulo devido pressão alta e ódio por receber tão pouco trabalhando na profissão mais FODA do mundo.

O peso era tão grande que ou mudavam os “pensamentos”, “sentimentos” e “atitudes” ou a doença tomava conta. Resolvi mudar toda negatividade e me ver MERECEDOR do melhor que existe neste mundo.

Atualmente nada, nada e nada de lamúrias e a vida me presenteou com uma guinada imensa na qualidade de vida, cada vez de digo “OBRIGADO”, “GRATO”, “UNIVERSO” ou outra palavra otimista ganho os presente que peço a DEUS.

Agora me amo, me valorizo, me respeito, estou “presente” e conectado com aquilo que acredito, fortalecendo minha fé, aperfeiçoando quem já sou, e buscando o melhor que posso ser!

Enfim, a maturidade e responsabilidade chegaram! Estou totalmente pronto? Não! Tenho desafios para resolver. 

Porém, mais um ciclo se inicia e a vontade de fazer o excelente. Mais do que nunca eu, Marcelo, digo: Obrigado Deus por tantas bênçãos! Pela minha saúde restaurada, pela harmonia da família, pelos bons amigos, pela sabedoria, por tanta sorte e confiança em mim!

Nesta nova jornada da consciência quero ser AMOR e CURA para poder ajudar o próximo de pessoas, a exemplos de companheiros, conhecidos, parentes e meus estudantes.  

Feliz aniversário para mim!

#49anosdaMarcelo #umavidaso #happybirthday #happybirthdaytome🎉 #niver #life #lifestyle #onmyway #felizaniversario #boy #feliz #aniversario #parabéns #felizdia #bolo #amigos #fotos

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Pesquisa Ibrape aponta liderança de Kil Freitas em União dos Palmares


A pesquisa do Ibrape divulgada nesta quarta-feira (04) mostrou que se as eleições fossem hoje, o candidato a prefeito de União dos Palmares, Kil Freitas (MDB) estaria eleito.

O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima é de 3,43 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.

A pesquisa aponta que 46% dos entrevistados querem que Kil seja eleito. Já o candidato da oposição, Sebastião de Jesus, aparece com 15%.

Ainda segundo a pesquisa, quando perguntado ao eleitor em qual dos candidatos ele acha que vai ganhar a eleição, Kil aparece com 59%.

Fonte: Cada Minuto

Mestra Irinéia recebe alta depois de 13 dias internada em Maceió por causa da Covid-19

Ela e o marido foram diagnosticados com a doença e encaminhados para o hospital. Artesã foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Alagoas em 2017.


A mestra artesã e Patrimônio Vivo de Alagoas, Irinéia Rosa, de 73 anos, recebeu alta médica nesta quarta-feira (4) depois de ficar 13 dias internadas no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA) por causa da Covid-19.

A artesã contou que os primeiros sintomas da doença que sentiu foram cansaço e tosse.“Eu tomava um xarope, lambedor, mas nada de resolver. Aí, eu e meu marido fomos procurar fazer o teste em União dos Palmares e como nosso estado de saúde inspirava cuidados, fomos transferidos para o Hospital Metropolitano”, disse ela.

Ela e o marido ficaram internados por quase duas semanas recebendo tratamento da equipe multidisciplinar. Eles passaram por exames laboratoriais e de imagem durante esse período.

Ao receber alta médica, Irinéia agradeceu à equipe do hospital e disse que quer retomar a confecção de suas peças de barro no Povoado Muquém, em União dos Palmares, onde mora.

“Quero tocar meu barco pra frente, nunca fui à escola e a leitura que Jesus me deu foi a minha arte, que me fez ser reconhecida até fora do Brasil”, comemorou.

A artesã foi reconhecida em 2017 como Patrimônio Vivo de Alagoas.

Fonte: G1

sábado, 29 de agosto de 2020

domingo, 19 de julho de 2020

Memórias Molhadas Por Jeová Santana


18.6.2010, União dos Palmares. Manhã de sexta-feira. Da varandinha no apê do Loteamento Jaguaribe, primeiro dei uma de Mister Magoo, o personagem míope do desenho animado: “Estou vendo o rio daqui!”. Depois saí para a tradicional caminhada. No Beco do Roncador, por onde sempre passava, encontrei muita água. Resolvi, então, ir pela rua principal. Nela, a ficha caiu: muita lama entremeada, entre outras coisas, com produtos de lojas e mercadinhos.

Continuei a caminhar em meio ao cenário de guerra. Encontrei meu amigo João Nunes. A palavra tragédia na primeira frase. Vimos um corpo sendo retirado do canal, que hoje cruza a rua “Mata-Quatro”, mas já foi o rio Cana Brava até os anos 1980. À esquerda, lembro a altura da água quase a cobrir um simulacro de outdoor. Resolvemos ver o que acontecera nas margens do Mundaú. Duas ruas, Ponte e Jatobá, sumiram. Encontrei Reinaldo de Sousa, professor da UNEAL, que tirava fotos com seu celular. Ele as recuperou, a meu pedido, na galáxia virtual. Entre tantas, guardo a imagem do capô de um carro repleto de documentos e álbuns enlameados. Ergui os olhos para a outra margem e vi a cena só conhecida na TV: o telhado de uma solitária casinha.

Ali, sim, bateu a real: testemunhava a maior enchente em algumas cidades da Zona da Mata Alagoana, inclusa a União dos Palmares de Zumbi e Jorge de Lima. A volta ao apê revelou novas facetas: estava sem energia. Sem ela, não tinha banco. Sem ele não tinha grana. Além disso, adeus celular! Voltar para Maceió estava fora de cogitação, pois as pequenas pontes na BR-104 estavam cobertas. Na condição de aliado de Noé, só pude reencontrar os braços da bem-amada no domingo à tarde.

Depois chegaram os relatos impressionantes sobre mortes, sumiços e sobrevivência: moradores do Muquém, reduto quilombola, passaram a noite inteira em uma jaqueira. Alguém se salvou agarrado a um botijão de gás; outro a uma tora de madeira. Antes de qualquer palavra, essas cenas já são o mais puro cinema. Outro impacto da força das águas resultante da junção entre a chuva e o romper de uma barragem em Pernambuco: arrastou gigantescos tanques de usina.

Também me tocaram os relatos sobre a perda ou o esforço para salvar livros e material escolar, sobretudo entre alunos da UNEAL. Antes que algum aventureiro lance mão, é minha a ideia de fazer um documentário pegando seus depoimentos. Já tenho até o título, “Palavras molhadas”, com a mesma técnica do documentarista Eduardo Coutinho: fundada na conversa e no à vontade do entrevistado.

Aos que perderam tudo, ainda restava buscar forças para atravessar a condição de desabrigado e esperar a aranhosa solução oficial para adquirir uma nova morada nos arredores da cidade. Pelos dois anos seguintes, a fileira de barracas, onde muitos passaram a viver, nos dava a noção do que é ser refugiado no seu próprio chão.

“Naquela fatídica manhã de sexta-feira...” Ouvi essa frase na voz de Gilvan Fontes, apresentador de telejornal, sobre o desabamento do Mercado das Verduras em Aracaju. Numerólogos, espiem a data: 18.6.1977. A frase voltou com toda a força na enchente de União. E assim se passaram dez anos. De alguma forma, aquela trágica experiência, que mexeu com o individual e o coletivo, foi um ensaio para a tragédia que hoje nos assola em escala global. Aquela sexta palmarina também foi marcada pela despedida de José Saramago, o criador de Ensaio sobre a cegueira. Uma narrativa visceral sobre a fragilidade humana perante o desconhecido. Hoje ela reverbera na divulgação diária de números assombrosos que promove, principalmente entre pobres e negros, o apagamento de suas experiências no curto milagre da vida.


Créditos: 
Foto 1 - Reinaldo de Sousa
Foto 2 - JMarceloFotos

terça-feira, 30 de junho de 2020

"Não me calarei mais!" Por Jeferson Freitas




Carta Aberta 

Queridos leitores e seguidores,
Estamos no mês do Orgulho LGBTQI+. Um mês para tornarmos essa causa cada vez mais visível, essencial. Um mês para relembrarmos e admirarmos aqueles que morreram e lutaram para que tivéssemos o direito de nos manifestar, de sermos quem somos. 

Um mês para usarmos nosso lugar de voz, nossos meios de comunicação e interação para motivarmos e despertarmos o sentimento de liberdade naqueles que ainda vivem a mercê do preconceito e da ignorância dos que não nos compreende como parte do todo. Porque sim! Queira você ou não, somos parte do todo. Não vamos nos abater ou desistir. 

Muitos motivos me levaram escrever esse texto, mas o principal é realmente o cansaço mental e emocional de estar acorrentado a pensamentos autonormativos e uma busca pela aceitação alheia espontânea, especialmente familiar, que pode ou não acontecer, mas que nem sempre deverá ser prioridade. A prioridade é se amar, o restante vem com o tempo. 

Moro num distrito em que a hipocrisia existe descaradamente, em que o preconceito é velado, mas ainda existe e persiste. As pessoas fingem ser o que não são e até impõem aos outros uma cultura conservadora e tradicional para não ferir a moral e os bons costumes empurrando aqueles que visam uma quebra de paradigmas e novos horizontes silenciosamente para dentro de gaiolas. Mas até aqui nenhuma novidade, acontece em muitos povoados e em cidades nem ouso mencionar. LGBT's existem em todos os lugares. 

Não importa se no seu interior ou cidade pequena as pessoas são mentes fechadas, quem tem que abrir e mudar são elas, não eu; não nós LGBT's. Mas nem todos são assim, é bom frisar que não precisamos ser LGBT para lutarmos pela causa, então pessoas maravilhosas também estarão nos apoiando nesses lugares. 

Definitivamente não podemos nos invisibilizar, nos limitar a padrões geográficos, físicos ou de outra natureza, muito menos ligar para o que os outros falarão. Sei que existem diversas situações familiares na conjuntura LGBTQI+ e querer assumir-se, e que nem tudo será fácil ou igual para todos, mas temos que tentar ter o nosso lugar de fala, de direito. Uma hora o sofrimento precisa acabar. Muitas vezes ele acontece quando ainda estamos no famigerado "armário". 

Por mim armário sempre seria o móvel que serve para guardar coisas, mas nos incutiram que serve como metáfora para o enclausuramento que LGBT's sofrem quando ainda não tem coragem para contar sobre si mesmos. Entendo que é uma decisão importante a se tomar, embora desgoste do termo sendo usado somente aos LGBT's. Se héteros não precisam se assumir, então por que nós precisamos? Já pararam para pensar nisso? 

Para endossar essa reflexão, citarei um trecho de um livro que amei ler, Simon vs. A Agenda Homo Sapiens da Becky Albertalli:
"É mesmo muito irritante que hétero (e branco, diga-se de passagem) seja o normal e que as pessoas precisam pensar sobre sua identidade sejam só aquelas que não se encaixam nesse molde. Os héteros deviam mesmo ter que sair do armário, e quanto mais constrangedor fosse, melhor." (Pág. 131) 

Somos pessoas normais assim como todos. Não escolhemos nascer nesta condição, é praticamente água cristalina sabermos disso; inclusive os héteros não escolheram nascer como héteros, mas os mesmos insistem em subverter tudo e continuarem se achando os ditos "normais". As pessoas negam essa verdade pelo medo do diferente, do que não conhecem. O que não sabem é que nossa existência é um ato político, que há muito a conhecer, então estamos aqui para que nos conheçam, para que nos respeitem. 

Ainda com relação ao armário, existe outro termo que conhecemos bem, e se não, reconhecerão o que quero dizer através do significado: "implodir" é provocar ou sofrer por dentro; provocar ou sofrer implosão. Essa implosão que causamos em nós mesmos é causada pela falta da aceitação, seja ela dentro ou fora de casa, por isso a necessidade de sermos vistos, ouvidos e valorizados. Quando isso não acontece, nos deparamos com a depressão, a ansiedade, o suicídio e a violência que nos mata. É doloroso, mas o Brasil é um dos países que mais matam LGBT's no mundo. 

Não nos matem! Não nos calem! Essas palavras são repetidas a exaustão, mesmo assim continuamos a ignorá-las porque é conveniente velar e propagar o ódio, o julgamento e o preconceito. 

Vejo e leio sobre meninos e meninas do interior, inclusive eu, e de tantas partes do mundo sofrerem por terem que esconder o que verdadeiramente são. Mascaram os desejos e formas de expressão temendo serem alvos de comentários ou agressões físicas. 

Neste ponto lembro da frase de um ativista e escritor australiano, Alexander Leon, que num tweet conseguiu sintetizar o que é crescer como LGBT em um mundo hostil: 

"Pessoas LGBTs não crescem sendo elas mesmas. Crescem sacrificando e limitando suas espontaneidades para minimizar humilhações e preconceitos. Nosso desafio da vida adulta é escolher quais partes de nós são o que somos de verdade e quais criamos pra nos proteger do mundo."
Sou cristão e acredito numa lição que Cristo nos deixou: "Amai ao próximo como a ti mesmo." Porém poucos a praticam. Exercitar essas palavras é ter empatia, reciprocidade, amor, independentemente de orientação sexual, cor da pele, crenças, interesses políticos e sociais. Amar nos humaniza. Deveríamos pelo menos tentar. 

Tudo isso parece clichê tendo em vista que muitos se utilizam do mandamento do amar para justificar que amam e respeitam quem é diferente, o que não podemos esquecer é que preconceito disfarçado de opinião (se você não a pratica efetivamente) continua sendo preconceito. 

Então vamos ao que interessa: Por que decidi escrever e revelar tudo isso agora? 

Cada ser humano escreverá sua própria história, e em algum momento o mundo vai conhecê-la. Faz parte da nossa evolução social. 

Escrevo minha história de duas maneiras atualmente: 

1. Sendo um professor-educador: Como posso ser um incentivador da crítica, da opinião, da construção de conhecimentos, da preparação para ser um sujeito de ideais e direitos, se me privo de também ser assim? É ilógico, não condiz com a profissão que escolhi. Nosso papel na educação e aceitação da diversidade é crucial na vida de uma criança, assim como o dos pais. Assistia um dia desses um vídeo de uma dragqueen, Bianca Dellafancy, no YouTube, em que ela lia relatos de pessoas LGBT's contando o que ouviam dos pais, professores, parentes, amigos enquanto crianças, e o quanto isso ficou internalizado, frustrando-as, impedindo-as de viverem plenamente como pessoas LGBT's. Chega disso! Pais e outras pessoas responsáveis pela educação de crianças: pensem e reflitam 1.000 vezes antes de abrirem a boca para matarem a futura vida de seus filhos e filhas, ou filhes. Vidas LGBT's importam! 

2. Sendo um escritor: Como posso escrever sobre garotos que se gostam, garotas que se amam, pessoas diversas que se relacionam, se busco ocultar e não viver minhas próprias experiências nesse sentido? Onde está meu lugar de voz nisso tudo? Por isso quero utilizar a literatura para gritar, para despertar quem ainda está dormindo, para amar sem culpa, para ajudar quem precisa. 

É surreal que em 2020 ainda temos que fazer isso, mas não pararemos. A luta continua! Ainda acredito que o amor transforma que é o legado que o futuro precisa. Sobre isso, deixo três frases de Fernando Pessoa para reflexão: 

"O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é." 

"Quando o amor não tem razão, é que o amor incomoda." 

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." 

Não me calarei mais!
E preciso dizer:
Sou homem com muito orgulho!
Sou nordestino com muito orgulho!
Sou educador com muito orgulho!
Sou escritor com muito orgulho!
E SOU GAY COM MUITO ORGULHO!
Não tenham vergonha de si mesmos! Tenham orgulho sempre! 

Atenciosamente,
Jeferson Freitas.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

GANGA ZUMBA: CONHEÇA O PRIMEIRO LÍDER DOS PALMARES


Os acordos com o Reino de Portugal feitos pelo unificados do quilombo foram mal vistos por muitas lideranças negras — inclusive Zumbi
Por mais que haja indícios da presença de quilombos na Serra da Barriga desde a década de 1580, o núcleo articulado formando o famoso Quilombo dos Palmares nasceu no século 17, com a estruturação de um Estado negro por escravos fugidos de engenhos na Capitania de Pernambuco, liderados pelo nobre africano Ganga Zumba. Nomeado Grande filho do Senhor, esse poderoso chefe congolês e considerado o primeiro governante propriamente dito de Palmares, e tio de Zumbi.
Filho da importante princesa Aqualtune, que liderou a Janga Angolana (Palmares) na luta contra a escravidão, e, portanto tinha herança dos reis do Congo. Ganga nasceu também no Reino do Congo, foi capturado em guerra e vendido como escravo no Brasil. Articulado como a mãe, também organizou um movimento de fuga dos engenhos da região e se refugiou em Palmares, onde herdou as habilidades de liderar da rainha.
Quando Zumba assumiu a posição de liderança dos mocambos que formavam a Janga, ele deu início a uma articulação centralizada e organizada dos núcleos de resistência, criando assim um único quilombo, que ficou conhecido como Quilombo dos Palmares, nas montanhas pernambucanas (atualmente, Alagoas). Foi nomeado seu primeiro rei (ganga), eleito pelas unidades políticas que formavam a rede.
Assumindo o título de Ganga Zumba, a partir do título kimbundu de Grande Lorde, ele deu início a um governo centrado e envolvendo todas as partes do quilombo como corpo único de uma espécie de “nação de origem angolana”, coisa que não era vista em lideranças anteriores. Seu comando ficou sediado nas vilas maiores e mais centrais da região, o Cerro do Macaco, e chefiava um conselho de chefes de mocambos. Como uma espécie de rei, ele articulou uma administração dos mocambos menos centrais.
Para esses subgovernos foram indicados seus irmãos e parentes próximos, numa malha política nobiliárquica, que envolveu seus sobrinhos brasileiros: Zumbi e Andalaquituche. Sua moradia, uma espécie de palácio com 1.500 casas, era também local de cerimônias e de vivência de muitos parentes, núcleos próximos de súditos, ministros e suas três esposas. Era o centro da administração de Palmares, e de onde muitas negociações de paz com estrangeiros vieram.
Ganga Zumba foi o principal responsável por um reinado de pacificação entre Palmares e a Coroa Portuguesa, realizando uma série de acordos (alguns deles envolvendo o retorno de negros fugidos para fazendas onde eram escravos) pela trégua entre africanos livres e lusitanos. Isso gerou certa independência de Palmares em relação à colônia brasileira, mas era mal visto por alguns dos membros de sua corte, principalmente Zumbi.
As articulações de Ganga Zumba incluíam correspondências trocadas com o governador de Pernambuco e o Vice-Rei, que renderam paz até a década de 1670. Porém, os interesses dos engenhos da região iam contra um apaziguamento das relações com aquela nação de escravos fugidos e, pressões políticas levaram à articulação de um ataque contra Palmares em 1677.
Naquele ano, um administrador colonial e futuro Governador do Maranhão, Fernão Carrilho, comandou uma guerra contra o quilombo, que levou à morte de Zambi e Acaiene, filhos de Ganga Zumba, e à prisão e escravidão de quase 50 palmarenses. O ataque forçou o rei a retomar negociações com a administração pernambucana, oferecendo um novo acordo de paz.
Zumba e seu irmão, Ganga Zona, comandaram uma equipe diplomática que chegou a um acordo que abrigava os portugueses, liderados pelo governador Pedro de Almeida, a cessar o fogo contra Palmares em troca de uma migração dos núcleos de habitação do quilombo da Serra da Barriga para o Vale do Cacaú. Com isso, mais alguns anos de tranquilidade com o Reino de Portugal foram garantidos, e os monarcas se mudaram para a região.
Porém, a atuação dos irmãos foi considerada por muitos líderes de Palmares como traição, e o sobrinho de Ganga Zumba, Zumbi, se revoltou contra a mobilização arbitrária dos negros livres e a favor de uma resistência mais violenta contra os revezes portugueses — marca da administração de Zumbi mais tarde.
Em meio à revolta de Zumbi contra a decisão do tratado de paz, um partidário do sobrinho ofereceu um licor envenenado para Ganga Zumba, levando-o à morte e criando um espaço de ascensão a um novo rei. Inicialmente, Ganga Zona teria assumido, mas seu programa de pacificação que envolveu a fuga para o Vale do Cacaú criou instabilidades para seu poder. Com isso, Zumbi foi indicado como novo Ganga de Palmares, assumindo com a proposta de resistir incondicionalmente e criar total emancipação do Quilombo.
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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Enchente que destruiu as ruas da Ponte e Jatobá completa dia 18, 10 anos!

Próxima, quinta-feira, 18, completa dez anos da enchente que devastou várias cidades em Alagoas e Pernambuco. A inundação mudou por completamente o  espaço geográfico de muitas cidades, a exemplo, de União dos Palmares onde foram construídos novos conjuntos habitacionais, tanto na localidade como na zona rural.

Milhares de famílias perderam o pouco que tinham na época e, alguns perderam algo maior: um ente querido. 10 anos depois famílias inteiras lembram do 18 de Junho de 2010 relembrando diversas histórias tristes e inspiradoras como relatam os moradores do Povoado Quilombola Muquém, que subiram em cima de duas jaqueiras para se salvar das correntezas das águas.

Nos antigos canteiros de obras onde foram construídas milhares de casas nos conjuntos Nova Esperança e residencial 
Newton Pereira, nos povoados Várzea Grande, Muquém e Rocha Cavalcante (Barra do Canhoto), hoje residam milhares de palmarinos que lutam por dias melhores na esperança de una vida digna para suas famílias.

As ruas Demócrito Gracindo (Ponte) e Jatobá - totalmente destruídas - e Cachoeira, parcialmente destruída, hoje são belas lembranças dos moradores  e das imagens tiradas antes do 18 de Junho de 2010.

Fotos tiradas pelo Blog JmarceloFotos no dia 19 de Junho de 2010.