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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sarau d’A Fábrica une poesias e boa música


A terceira edição do Sarau d’A Fábrica aconteceu ontem, 20, na Praça Costa Rêgo em União dos Palmares. O projeto do Coletivo A Fábrica reúne os apaixonados por literatura para declamar seus poemas favoritos e ouvir boa música.

Nesta quarta-feira, o cantor Rony Oliveira, da Banda Love Jah, apresentou um reggae acústico ao lado da baixista Jaque Diniz. A noite ainda teve a participação dos músicos Maylson e Luciano Besouro. Segundo José Minervino, integrante da Fábrica, a intenção dos organizadores é fazer um evento por mês, sempre às quartas-feiras.

A dinâmica do sarau é simples: o microfone fica aberto para qualquer pessoa que queira ler um poema, independente de estilo e conteúdo. Desde a primeira edição, o sarau tem se tornado um bom encontro de amigos, que batem um bom papo enquanto poemas são lidos, escutam músicas e tomam vinho. 

O próximo Sarau d’A Fábrica será dia 20 de março, na praça Costa Rêgo. A dupla Acusticorama, formada por Kledson Bezerra e Samário Lino, fará uma apresentação musical. O grupo de poesia “A poesia é necessária” também se apresentará.

O Coletivo A Fábrica vem surpreendendo nesse primeiro ano de existência. O grupo vem sendo elogiado pelos projetos desenvolvidos, que dão uma nova cara à cena cultural da cidade. O mais novo projeto é uma série de vídeos protagonizada por agentes culturais. A série “engrenagens: novos quilombolas” vai apresentar 20 episódios que mostram a vida, alegrias e dificuldades de se fazer arte na cidade. O lançamento será nesse sábado, 23, na UNEAL, às 19h.

Aqui fica registrado meus parabéns aos integrantes do Coletivo A Fábrica, José Minervino, Wenndell Amaral, Bruno Clériston, Thiago Alexandre, Zulu Fernando e Zema pelos diversos projetos que beneficiam a cultura palmarina. A turma vem mostrando que, mesmo sem apoio público, é possível transformar a realidade.
Todos as fotos AQUI

Wenndell, Mariana e a cadela Pitty

Joelma Simões declara amor a Murici



Há histórias que precisam de lápis, caderno e um pouco de poesia. Começo assim a falar da cidade de Murici, a bem- aventurada pela natureza.

Caminhavam por essas bandas um povo trabalhador que, aliás, é característica nossa. Bom, quem trabalha no campo e/ou viaja sabe que sombra é lugar divino para descansar, assim, o pé de Muricizeiro passou a ser lugar de descansos, encontros, conversas e abrigo. Ali nascia a bela Murici, banhada pelo Rio Mundaú, visitada por Lampião e abençoada pelo Frei Damião.

A partir daí, a história pode seguir o seu rumo e entre os vários aspectos que poderia tratar, escolho o aspecto ideológico, e a minha ideologia é o povo. Muito mais do que uma cidade que dominou histórica e religiosa duas outras cidades: Messias e Branquinha, Murici é a cidade que abraça os seus. Inicialmente os viajantes e trabalhadores, e depois um povo inteiro.

É a cidade onde nasci, e vivo até hoje. Nela me sinto menos impotente, ando por suas ruas, piso em alguns tapetes, olho algumas janelas e vejo o passar constante de gente. Gente de perna fina, grossa, pequena, grande, torta, vistosa, branca, amarela, preta, parda... que passam com seus toc toc, sinalizando a vida que acontece.

Se eu andar da minha casa uns cinco minutos em direção a pista nova terei a imagem de um possível “cortiço”. É a portelinha que desperta brava e heroicamente os seus, tenho a impressão de que lá o sol parece beijar mais cedo o chão. As mulheres sentadas nas portas a conversar coisas mil; os homens a se despedir, indo cumprir mais um dia árduo de trabalho; as crianças de pés quase no chão, sem bolsas da Bárbie ou do Bem 10 vão à escola e parecem não acreditar em futuro.

Não sabem nada do amanhã, nem parecem preocupadas com isso, na verdade estão mais preocupadas com a hora de voltarem da escola, pois o sol e/ou a chuva terminam por tornar mais difícil a longa caminhada de voltar para suas pequenas casas.

Por falar em casas, como Murici cresceu! À noite, a luz dos postes a deixam tão enormemente visível; desaparecem as pessoas, não se conta nem vivos e nem mortos. Tudo vira luz ou ausência, e um silêncio desafiador nos convida a fecharmos nossas portas e esperar o nascer do sol.

Ás 04h30min da manhã a cidade começa a despertar; e, no ponto umas 05h30min começam a se misturar estudantes, pacientes e trabalhadores; ás 06h20min o ponto fica novamente vazio, parece ser dado uma pausa... sono. E, às 07h00min é a vez do comércio dá os seus primeiros suspiros. Lindamente os estudantes começam a desfilar a caminho das escolas, gente bonita demais! Emprestam encanto, e saem de cena com uma naturalidade que parece ter sido ensaiado.

Nas escolas, especialmente na Escola Estadual Professor Loureiro, que é aonde estudei e hoje leciono, bom, lá os portões se abrem as 07h30min e, eu gosto de chegar mais cedo e observar o meu povo, uns ainda com os olhos entreabertos, outros com eles já devidamente maquiados e outros já acostumados a levantarem cedo. As conversas no pátio, as gargalhadas, suas ousadias, tudo neles encantam.

Ao final das aulas, abrem-se os portões como se abrissem as cortinas da passarela, é um desfile a céu aberto e o sol lança seu olhar para nós, guiando-nos ao banquete em nossas casas.

A tarde sucede igual à manhã; à noite, especialmente nos fins de semana, o ponto de encontro passa a ser a Praça Padre Cícero, quem vem a Murici e não passa por lá, não conheceu quase nada. Lá está os risos mais belos, os homens e mulheres mais bonitas, a juventude em massa. No início da noite, os pais levam seus filhos para brincar, é lindo demais vê-los lá! As 21h00min cede-se lugar para  os jovens e adultos se divertirem.

Na Praça Padre Cícero acontece um dos melhores shows da região. Os quatro dias de Festival da Natureza; o primeiro dia é dedicado a show gospel, mas na verdade, só são convidadas atrações evangélicas, então acredito que seria bom repensar o termo, uma vez que gospel é um termo abrangente demais, ou então, e acredito que seria a atitude mais coerente, fazermos de fato um show com bandas católicas e evangélicas. Nos dias seguintes, as melhores atrações são chamadas, e o povo faz uma festa linda. O festival da Natureza é a celebração da maior parte da Mata Atlântica de Alagoas, que faz pulsar o coração de Murici. Bom, é da Praça que sai um dos maiores blocos carnavalescos da região, “O Tudo Azul”, tradição nossa que também estão manchando de sangue de gente.

Murici virou uma mocinha linda! Encanta a todos, pena que a oferta de emprego não seja o seu forte, e que muitos muricienses precisem viajar e/ou irem embora para outros lugares. Pena que tenhamos que está acenado e chorando partidas.

Talvez tenhamos que esperar muito ainda para que nossa cidade sustente os seus. Pois, ela é como uma criança que sabe apenas encantar, faltando aprender a cativar, cuidar e proteger.

Espero ansiosa que nela reine paz, alegrias e que haja motivos para que mais histórias sejam contadas. Que o povo que partiu sinta necessidade de voltar para rever familiares, amigos, ruas e praças.

Murici, é a cidade de um povo bom, Meu Deus! Um povo solidário, receptivo, alegre e encantador. Murici é abençoada pela Mãe da Graça!

 Joelma Simões, natural da cidade de Murici.