Aprendi
a ser professor sendo professor. Tornei-me professor quando percebi que ser
professor não é professar linhas, métodos ou didáticas. Ser professor é
abrir-se ao outro, às relações. Ser professor é ter uma disposição, uma
disponibilidade para ser atravessado pelo mundo.
É
deixar de ser e ser um outro a todo instante. Aprendi a ser professor com
olhares, com gestos, com as palavras de meus estudantes. Sempre soube que ser
professor era colocar-se entre um ensino e uma aprendizagem... um lugar onde a
educação é relação... daqueles que se dispõem a atravessá-la. Um espaço de
“ensinagem”, da união entre ensino e aprendizagem. Nesse espaço, o professor é
estudante, o estudante é professor, a escola é a afirmação de um espaço
relacional.
Gosto
de pensar e conviver com um professor que provoca encantamentos, mas que também
se deixa encantar por seus estudantes. Encantamentos pelos temas de trabalho,
por seu estudo, pelas crianças, por suas escolhas. Alguém que se dispõe aos
encantamentos. Um encantamento que movimenta, provoca, desloca, faz com que
queiramos sempre mais.
Para
ser esse habitante da escola, é preciso provocar e ser provocado. É essa
dinâmica, esse jogo, essa relação, que transforma o professor em estudante!
Professor-estudante que se joga nas brincadeiras, nas relações, que dá limites,
fronteiras, espaços, que cuida de seu grupo, que cuida de cada um que convive
com ele. Alguém que se joga na cultura, enriquece linguagens, compromete-se com
as suas escolhas.
Professor-estudante
precisa de estudo. Tem de se JOGAR nas letras e livros, nas imagens e sons, nas
ideias e pensamentos, nas conversas e discussões. Ler, escrever, discutir,
escutar música, ver filmes, saber e sentir as coisas que passam pelo mundo
afora... São condições para a ampliação das linguagens que se constroem dentro
do espaço escolar.
Pensar
no que representa ser professor é pensar na minha vida, com toda a intensidade,
todo o afeto e todo o carinho que sinto por ser esse habitante da educação.
Quero contar uma história vivida... atemporal, sentimental e que expressa a
costura entre ser professor e estudante... das coisas simples e marcantes que
essa relação pode nos provocar, transformando toda uma vida. Ainda bem que eu
vivi e vivo ser um professor!