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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Quilombola de Muquém terá peças expostas durante a Copa do Mundo

Foi aos sete anos de idade que José Antônio da Silva, conhecido como seu Laelson, começou a produzir as peças em cerâmica entre as quais se destacam as hoje conhecidas como “Cabeça de Guerreiro Negro do Quilombo dos Palmares”. Dada a importância histórica e cultural, 50 peças feitas pelo quilombola de Muquém, Alagoas, estarão expostas e disponíveis para comercialização nos espaços Fifa Fan Fest e espaços culturais de sete cidades-sede dos jogos durante a Copa do Mundo.
 
A possibilidade surgiu do projeto Vitrines Culturais, coordenado pela Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vinculada à Presidência da República. Agradecido, ele não deixa de recordar a todo instante a participação da Fundação Cultural Palmares em sua conquista. “Foi o pessoal da representação aqui de Alagoas que confiou no meu trabalho e me inscreveu”, explicou seu Laelson.

Maria José da Silva, representante da FCP no estado, destacou que às vezes é preciso intervir e estimular para que pessoas como ele tenham coragem de apostar em seus talentos. “Ele tem ideia da sua importância enquanto difusor cultural quilombola, mas tinha medo de que as pessoas de fora não compreendessem esse valor”, disse.

De acordo com ela, a gratificação está na valorização da cultura e no aumento da auto-estima de seu Laelson com o resultado.  “Estou muito alegre por essa oportunidade. Vou representar meu quilombo, meu estado, meu país”, disse seu Laelson, que hoje tem 62. “Não vou dizer que é a realização de um sonho, porque é mais do que sempre sonhei”, completou.

Embaixador da cultura tradicional - Motivo de orgulho para um dos mais importantes quilombos do Brasil (por se localizar na área onde viveu o líder Zumbi dos Palmares há cerca de 350 anos), seu Laelson participa pela primeira vez de um projeto com dimensão internacional. “Só Deus explica”, atribui o mestre artesão àquele que lhe deu tal sabedoria e o poder de “falar com as mãos” esculpindo os traços da própria identidade.

As peças em argila são produzidas a mão. Quando criança o quilombola observou seus pais e avós e começou a criar algumas peças, entre elas as panelas de barro. Com o tempo, as produções foram ganhando personalidade e hoje têm papel fundamental quando o assunto é representar o Muquém, uma vez que algumas das esculturas são inspiradas nos próprios moradores e que cada peça nova recebe um nome de batismo.

Na tarde dessa quarta-feira (21), um representante da FCP/Alagoas buscou na casa de seu Laelson as 50 peças para encaminhá-las ao projeto. Da porta, ele se despediu com a emoção de quem vê um filho partir em busca de outros horizontes. “Mas sempre representando nós que ficamos”, concluiu.


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