Foi aos
sete anos de idade que José Antônio da Silva, conhecido como seu
Laelson, começou a produzir as peças em cerâmica entre as quais se
destacam as hoje conhecidas como “Cabeça de Guerreiro Negro do Quilombo
dos Palmares”. Dada a importância histórica e cultural, 50 peças feitas
pelo quilombola de Muquém, Alagoas, estarão expostas e disponíveis para
comercialização nos espaços Fifa Fan Fest e espaços culturais de sete
cidades-sede dos jogos durante a Copa do Mundo.
A
possibilidade surgiu do projeto Vitrines Culturais, coordenado pela
Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura, em parceria
com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, vinculada à Presidência da
República. Agradecido, ele não deixa de recordar a todo instante a
participação da Fundação Cultural Palmares em sua conquista. “Foi o
pessoal da representação aqui de Alagoas que confiou no meu trabalho e
me inscreveu”, explicou seu Laelson.
Maria
José da Silva, representante da FCP no estado, destacou que às vezes é
preciso intervir e estimular para que pessoas como ele tenham coragem de
apostar em seus talentos. “Ele tem ideia da sua importância enquanto
difusor cultural quilombola, mas tinha medo de que as pessoas de fora
não compreendessem esse valor”, disse.
De acordo
com ela, a gratificação está na valorização da cultura e no aumento da
auto-estima de seu Laelson com o resultado. “Estou muito alegre por
essa oportunidade. Vou representar meu quilombo, meu estado, meu país”,
disse seu Laelson, que hoje tem 62. “Não vou dizer que é a realização de
um sonho, porque é mais do que sempre sonhei”, completou.
Embaixador da cultura tradicional -
Motivo de orgulho para um dos mais importantes quilombos do Brasil (por
se localizar na área onde viveu o líder Zumbi dos Palmares há cerca de
350 anos), seu Laelson participa pela primeira vez de um projeto com
dimensão internacional. “Só Deus explica”, atribui o mestre artesão
àquele que lhe deu tal sabedoria e o poder de “falar com as mãos”
esculpindo os traços da própria identidade.
As peças
em argila são produzidas a mão. Quando criança o quilombola observou
seus pais e avós e começou a criar algumas peças, entre elas as panelas
de barro. Com o tempo, as produções foram ganhando personalidade e hoje
têm papel fundamental quando o assunto é representar o Muquém, uma vez
que algumas das esculturas são inspiradas nos próprios moradores e que
cada peça nova recebe um nome de batismo.
Na tarde
dessa quarta-feira (21), um representante da FCP/Alagoas buscou na casa
de seu Laelson as 50 peças para encaminhá-las ao projeto. Da porta, ele
se despediu com a emoção de quem vê um filho partir em busca de outros
horizontes. “Mas sempre representando nós que ficamos”, concluiu.
Fonte: Fundação Cultural Palmares
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