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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Qual foi seu melhor momento de 2013?

Meu melhor momento de 2013 foi difícil de escolher, pois tiveram muitos, mas, como minha vida foi voltada essencialmente ao trabalho, com certeza eles foram ligados a meus alunos. Além da escola na qual ensinei esse ano, Escola Padre Donald, no Mutirão (nome que passei a preferir por saber como sua conotação é positiva) houve o cursinho de redação, que foi outra experiência inimaginável e gratificante, que contou com o apoio da Escola Paulo Sarmento, onde também trabalhei no projeto Mais Educação. 

Assim, nessa indecisão, resumo esse ano a um evento específico: A Semana Antidrogas, promovida pela Secretaria Municipal da Infância e da Juventude. Há várias razões para citar esse evento, que teve sua importância nas coisas que organizou nos dias e antes da própria semana, mas eis os mais fortes para mim: inclusão, desafio e atrevimento.


Incluir os alunos de um bairro socialmente isolado e preconceituoso por outros bairros num evento municipal foi de uma importância impressionante. Foram quatro dias de uma aventura regada a pão e refri (rsrs), impulsionados por uma vontade dos alunos de participarem e apoiados pela direção da escola. Foram quatro dias em que aproveitamos (digo, mais eles que eu) para absorver informações, fazer reflexões e acima de tudo percebermos que tínhamos um lugar de direito na sociedade que tanto nos exclui. 


O desafio foi desconstruir a visão que muitos tinham (e continuam tendo) sobre o Bairro e sobre a escola. Foi gente virando a cara quando nos via chegar, semblantes de desprezo e inferioridade e uma estranheza, por ver o Mutirão (bairro que, na visão da maioria, só tem drogas e violência) se destacar ativamente em um ciclo de debates/palestras que visavam a instrução.   

Desafio maior foi vencer o cansaço, a ansiedade e estar de pé, diante de torcidas e torcidas dando o melhor que tínhamos; recompensa maior foi ver os rostos e a postura deles a cada prova cumprida ou descumprida, ver que eles mesmos entenderam que a participação acabou se tornando maior prêmio que se podia conquistar.


O atrevimento ficou por conta dos sorrisos, da euforia no dia da Gincana e pela comemoração pelo 4° lugar. Sei que parece vendida a ideia de que ‘o que importa é participar’, mas em nosso caso, participar não foi só fazer parte, foi mostrar que existíamos além da visão retrógrada, foi mostrar que nosso potencial, nossas falhas eram iguais as de qualquer outro ser humano, foi trazer a periferia para o Centro, já que o centro raramente vai à periferia. Como já dizia Fernando Pessoa: “Tudo vale à pena, se a alma não é pequena”. 

Para nossos alunos, para mim, para a professora Dellys Beatriz, os coordenadores e diretores da Escola Padre Donald e para a comunidade do Mutirão em si, tudo, absolutamente tudo o que fizemos na Semana Antidrogas valeu à pena, pois nossas almas não são pequenas e agora são mais grandiosas que nunca.

Tarcísio José Morais 

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