Marcelo: Qual seu nome completo?
Pai Sérgio: José Sérgio Pontes de Oliveira.
Marcelo: Como você prefere ser chamado?
Pai Sérgio: Pai Sérgio.
Marcelo: A sua família é natural de União dos Palmares?
Pai Sérgio: Sim.
Marcelo: Como foi sua criação, seus pais eram rígidos?
Pai Sérgio: Muito rígidos a ponto de eu ser junto com meus irmãos,
educados a base de porrada.
Marcelo: Qual a religião em que você foi criado?
Pai Sérgio: Religião católica, fiz parte do grupo de jovens ligados a
igreja.
Marcelo: Em que momento sentiu a necessidade de frequentar
uma religião de Matriz Africana?
Pai Sérgio: No momento que aflorou com mais intensidade, a mediunidade
vinda comigo ao nascer.
Marcelo: Por que ainda hoje a sociedade critica quem é adepto
da religião africana?
Pai Sérgio: Por desconhecimento total dos nossos fundamentos e atos de
fé.
Marcelo: Você e sua família já sofreram algum tipo de
preconceito por causa da sua religião?
Pai Sérgio: Minha família não, mas é já sofri e ainda sofro algum tipo
de intolerância por alguns elementos leigos aos nossos fundamentos, mas, para
isso estamos trabalhando com afinco para podermos melhorarmos as nossas
relações com a sociedade como um todo.
Marcelo: Quem é mais preconceituoso o católico ou o
evangélico?
Pai Sérgio: Para nós não existem uma medição de intolerância tanto por
um como pelo outro segmento religioso, mas, a igreja evangélica se acha a dona
da verdade absoluta.
Marcelo: Qual a sua avaliação da Missa em Ação de Graças que
aconteceu na Matriz de Santa Maria Madalena?
Pai Sérgio: Foi muito boa, apesar de ainda haver uma timidez da nossa
religião em encarar este momento ímpar e integrar-se mais a este ato de fé e
inclusão.
Marcelo: Porque o Senhor não subiu a Serra da Barriga?
Pai Sérgio: Pelo fato vergonhoso de os gestores municipais, ou seja, a
secretaria de turismo e da cultura, não nos ter prestigiado quando da
realização do encontro de religiosos de matriz africana, no dia 15/11/2010, no
auditório da Prefeitura Municipal, deixando-nos a própria sorte, sem ao menos
nos ter prestado solidariedade na execução do aludido evento, vistos que
apenas, fomos colaborar com a festa dos citados gestores, isto foi um grande
desserviço a todos os Pais e Mães de Santo deste município. Por isso e outras
coisas é que boicotamos a nossa presença na Serra da Barriga no dia 20/11/2010.
Marcelo: Como é sua relação com os gestores públicos de União
dos Palmares?
Pai Sérgio: De cordialidade, só isso, não temos nenhuma ligação mais
profunda.
Marcelo: Como o senhor analisa a questão do negro em União
dos Palmares?
Pai Sérgio: É muito complexa esta análise em algumas linhas, mas, vejo o
negro/negra de União dos Palmares em especial, muito escondidos, com vergonha
de mostrar os seus rostos, que por sinal, não desmerecendo as outras raças, são
muito bonitos e além do mais, sem participar ativamente de tudo que se
relaciona a eles e aos nossos ancestrais. Talvez sintam vergonha da sua cor.
Marcelo: Em sua opinião o turismo cultural algum dia vai
funcionar nessa cidade?
Pai Sérgio: Vai sim, desde que tenhamos um gestor que entendas e faça
turismo da sua terra natal, ou seja, de Terra da Liberdade Negra. Que seja uma
pessoa ligada aos movimentos negros e a todos os seus segmentos, além do
pessoal do axé.
Marcelo: O senhor é funcionário público há quanto tempo?
Pai Sérgio: Há 32 anos.
Marcelo: Por que muitos funcionários públicos oferecem
serviços ruins à sociedade?
Pai Sérgio: Por falta de gerencia severa a eles e aos serviços
oferecidos à sociedade.
Marcelo: Será que muitos se protegem pelo fato de serem
concursados?
Pai Sérgio: Não
vejo por esse ângulo, mais sim, pela falta de compromisso de gerencia e de
vestir a camisa do funcionalismo público, pois não há uma política voltada ao
mesmo, como por exemplo: "meritocracia", visto no mundo empresarial
como um método perfeito para se oferecer um bom serviço a comunidade a quem
servimos, pelo fato de valorizar aquele servidor que mais se destaca na
prestação de serviço e etc...
Marcelo: Você está casado há quanto tempo, já tem filhos?
Pai Sérgio: Estou casado há exatamente 04 (quatro) anos. Não tenho
filhos neste casamento.
Marcelo: Qual sua mensagem de final de ano para os
palmarinos?
Pai Sérgio: “Existem dois objetivos na vida: o primeiro, o de obter o
que desejamos; o segundo, o de desfrutá-lo. Apenas os homens mais sábios
realizam o segundo”.
Espero que o palmarino que realmente dar valor a sua terra
natal e que valoriza a prata da casa, saiba distinguir o joio do trigo e fazer
com que "esses gestores" descompromissados com as coisas da nossa
terra, sejam defenestrados do nosso convívio, pois são elementos nocivos ao
desenvolvimento cultural e turístico da nossa gloriosa União dos Palmares.
Feliz Natal e que o Ano novo que se avista, seja de reflexão acerca dessas
barbaridades de que só quem tem valor nesta terra, são as pessoas que vem de
fora.
Um forte abraço,
Pai Sérgio Tatá D'Odé
Templo Espírita Òrun Àyié D'Odé
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