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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Placa que celebra a memória de Abdias Nascimento volta ao lugar de origem


Em 13 de novembro de 2011, em uma cerimônia singular, coordenada nacionalmente pelo Instituto Raízes de Áfricas e o IPEAFRO/RJ, as cinzas do  jornalista, ativista, ex-deputado estadual e federal Abdias Nascimento, foram depositadas  em um local  próximo à Lagoa dos Negros, na Serra da Barriga em União dos Palmares, Alagoas. Espaço que, hoje,  leva o nome do ativista.

O  ato  que reuniu cerca de mil pessoas de vários estados do Brasil, países de Áfricas e Estados Unidos é  de  relevante importância para a histografia negra do Brasil e Alagoas. 

Na cerimônia de deposição das cinzas  foi plantada uma muda de Baobá, árvore sagrada  africana e uma muda de gameleira branca, considerada sagrada pela militância do movimento.

Ao lado do Baobá foi colocada uma placa em mármore, que celebra a memória de Abdias Nascimento.

A placa ( doação do Instituto Raízes de Áfricas) havia sido retirada pela gestão da Fundação Palmares, da época, explicando da necessidade de cimentação da mesma, e nunca mais voltou para o lugar.  E nos últimos a coordenadora do  Instituto Raízes de Áfricas, Arísia Barros,  vem, insistentemente, cobrado a todas às gestões do escritório da Fundação Palmares, em Alagoas, o paradeiro e a devida  cimentação da placa.

E no sábado, 30/01/16 ( quase cinco anos após), quando de uma  visita de um grupo liderado pelo Instituto Raízes de Áfricas, á Serra da Barriga, a atual gestora do escritório da FCP, em Alagoas, Elida Miranda, ao  envidar esforços para atendimento a demanda , localizou a placa, que estava “guardada” no prédio onde funciona  a guarda florestal do Parque Memorial Quilombo dos Palmares.

Após  apresentação da mesma, a gestora pública assegurou que o marco demarcatório  que celebra a memória de Abdias Nascimento voltará ao lugar de origem.

Abdias Nascimento teve sua vida marcada pela luta no combate ao racismo e pela implantação de políticas públicas para a inclusão do povo preto.

E que o Estado de Alagoas e a Fundação Cultural Palmares valorize sua história.

Leia também:

"O Velho Abdias Nascimento Não Morreu, Desencarnou e, Segundo a Sua Própria Crença, Renascerá"   Martinho da Vila

Terminou sua missão na Terra o negro intelectual que teve seu nome na lista de candidatos ao Prêmio Nobel da Paz. Foi ator, pintor, escultor, poeta e autor de várias obras literárias. No campo político ocupou posições importantes. Um dos fundadores do PDT, com Leonel Brizola, elegeu-se deputado federal. Dedicou grande parte da sua vida à luta contra o preconceito racial e no Congresso Nacional proferia discursos contundentes: “Enquanto não houver igualdade, sobretudo nos meios de comunicação e na educação, e enquanto a voz das instituições que apresentam uma outra versão da filosofia que nos foi imposta não tiverem eco, o Brasil não tem o direito de declarar-se uma nação democrática! De maneira nenhuma!”

“A comunidade negra tem que ser fiel a si mesma, fiel aos seus antepassados, fiel à história de nossas lutas (...) por seus direitos. É preciso dar continuidade à grande luta de Zumbi dos Palmares. O direito está a nosso favor. Os orixás estão nos prestigiando e nos amparando. É nossa beleza. É nosso futuro.”

Foi suplente do senador Darcy Ribeiro e, quando este foi deslocado para a Secretaria de Cultura do Rio, assumiu a função e assim tornou-se o primeiro negro Senador da República. Como eloquente tribuno, manteve o mesmo ímpeto: “Quando eu era deputado federal e falava em políticas públicas para atenuar a desigualdade racial no Brasil, só faltaram me enjaular.”

Questionado por um companheiro sobre as ações afirmativas, disse ser favorável a adoção das cotas para negros, inclusive no governo, e falou sobre as antigas dificuldades de sua militância: “Não era como agora, que temos tantas portas abertas. O momento atual é fruto dessa luta constante. Hoje em dia, acredito que o negro só não atinge tudo o que ele quiser se não for capaz de organizar-se e lutar por seus objetivos.”

O velho Abdias Nascimento não morreu, desencarnou e, segundo a sua própria crença, renascerá. Em Angola, quando nasce um menino ou menina, reza-se em cantorias para que a criança consiga vingar, visto que o índice de mortalidade infantil lá é muito grande. Se alguém ‘desconseguiu’ ainda jovem (isto mesmo, é assim que falam de alguém que não conseguiu sobreviver), apenas lamenta-se e chora-se. Quando o morto é adulto, os amigos fazem um comba, isto é, cantam e batucam para afastar a tristeza. Quanto mais velho e importante o falecido, maior o comba. De acordo com a importância, há combas de três dias, sete e até 21. Se o carioca nascido em Franca-SP Abdias Nascimento tivesse nascido em Luanda, seu comba provavelmente iria até 25 de junho. Teria um comba de mês.

Site O Dia

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