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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

"Queria dizer que eu amo o senhor, sempre pensarei no senhor e sentirei muito a sua falta. A gente vai se encontrar em breve" Laerte Tássio


Sempre pensei que era diferente de meu pai, apesar de muito semelhante fisicamente (todo mundo dizia que eu sou a cara dele). Nunca quis, por exemplo, ir para brigas de canário, nunca quis apostar em jogos e loteria como ele fazia. Ele reclamava por coisas bestas, também era bruto algumas vezes. Mas ele era muito brincalhão, como eu também sou, só que a gente não era brincalhão um com o outro. A gente falava o básico. E essa era uma meta de vida minha, ser amigo e brincar com meu pai como eu fazia com todo mundo na rua. Só que eu ia empurrando isso com a barriga... Eu era um colega (não tinha raiva, nada disso), mas queria ser o melhor amigo dele.

No fundo a gente era muito parecido mesmo. No físico, nos jeitos. Aliás, como falei pra ele em janeiro, só estudo, tento mexer com Direito Desportivo e sou/fui um projeto de atleta frustrado por causa dele. Foi ele que me fez gostar tanto de esporte. Nisso eu tinha prazer de ser como ele. A gente assistia tudo que era jogo. Futebol, Futsal, MMA, Tênis, Vôlei. O que fosse disputa, a gente tava vendo. Só tínhamos uma diferença nisso: Eu gosto mais dos campeonatos europeus, ele gostava de qualquer jogo nacional. Eu ficava com raiva quando queria ver um jogo de Premier League e quando chegava na sala percebia que ele tava vendo um Oeste x Boa Esporte.

Deixou de seguir o sonho de ser jogador profissional do CSA pra estudar na ETFAL. Também desistiu do sonho de ser advogado, mas fez em casa dois advogados (um deles também terapeuta, minha irmã mais velha) e uma médica. 

A gente sempre escuta e pensa que é clichê que a vida é curta e a gente não pode deixar nada pra depois, que a gente tem que falar o que sente pra família. Eu sempre deixei pra depois a tarefa de ser amigo de meu pai.

Hoje eu queria dizer pra ele que ele foi um bom pai, apesar de erros dele. Ele não tinha culpa de errar, todos erramos. Eu erro muito, talvez muito mais que ele. 

Eu queria falar que só temos o que temos hoje porque ele correu atrás de tudo. Que ele, comendo e tendo apenas o básico do básico quando pequeno, conseguiu vencer, que mesmo sendo pobre estudou muito, foi professor, foi aprovado em concurso para o Banco do Brasil e nos deu a vida que temos hoje com tantos anos de trabalho lá. Se a gente tem algum conforto hoje, devemos muito a ele. Ele nunca viveu de favores de ninguém (principalmente políticos), ele ia atrás do que queria e precisava. 


Ele sempre ajudou a gente quando necessário. Ajudava também mesmo quem não era da família. Era uma pessoa boa. 

Quero ser batalhador como o senhor foi, eu sempre quis ser, no fundo, como o senhor foi. 

Queria dizer que eu amo o senhor, sempre pensarei no senhor e sentirei muito a sua falta. A gente vai se encontrar em breve. 

Obrigado a todo mundo que escreveu pra gente desde ontem, tentou ligar ou entrar em contato e compareceu no velório.

Obrigado, de verdade.

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