Há 129 anos, sob forte pressão popular, a princesa Isabel, regente do Brasil, assinou a lei 3353, que tinha apenas dois artigos: Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário.
Aquele ato, a despeito da
situação posterior em que se lançaram os negros no Brasil, com consequências
que perduram até os dias atuais, foi de uma radicalidade sem par e fruto de uma
luta intensa que se deu, praticamente, desde que teve início em nosso país a
escravidão negra.
O 13 de maio foi fruto da luta dos próprios negros, ao longo de séculos, contra a escravidão. O gigante dessa luta foi, sem dúvida, Zumbi, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, morto aos quarenta anos comandando a resistência. Durante praticamente todo o século dezessete Palmares, até sua completa destruição, foi um desafio permanente ao escravismo. Até a captura e a morte de Zumbi, Palmares ergueu-se como uma bandeira de liberdade, desfraldada ao vento. 0 13 de maio é filho legítimo de Zumbi e de Dandara, guerreira entre guerreiros.
O 13 de maio foi fruto também da luta de Cosme Bento das Chagas, líder dos negros na Balaiada, no Maranhão, enforcado por ordem de Caxias em 1842. Negro forro, nascido no termo de Sobral, no Ceará, Cosme, à frente de três mil homens, fundou o maior quilombo da história do Maranhão e deu fôlego à resistência dos balaios durante vários anos. Sua condenação, por negro, foi exigida por Caxias como exemplar, para que os escravos não ousassem novamente lutar pela liberdade.
O 13 de maio é filho legítimo de Luisa Mahin, da luta dos Malês e da Sabinada. Traz a marca de uma mulher que vestiu-se de luta e cantou, a plenos pulmões, a canção da liberdade. O 13 de maio é assim irmão de Luís Gama, tribuno do povo.
É filho também de Chico da Matilde, jangadeiro nascido no Aracati, catraeiro no porto do Ceará, que assumiu a liderança das lutas abolicionistas no seu estado e virou o Dragão do Mar, ombreando-se aos que lutavam contra a escravidão.
O 13 de maio é também filho da poesia, do verso dinamiteiro de Antonio de Castro Alves, do verso que explodia em dor e denúncia. Foi tamanha a dor e elevou-se tão alta a voz do poeta que não coube na vida, silenciando tão jovem.
Ah! Tantos, tantos foram os pais e as mães do 13 de maio. Tantos os seus irmãos, como aquele mulato Lima Barreto, jornalista e escritor, nascido, coincidentemente, em um 13 de maio, exatos oito antes que a regente assinasse a lei de libertação dos escravos.
Deixou filhos, também, em profusão. Um João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata. Um Claudino José da Silva, único negro na Assembleia Constituinte de 46. Uma Helenira Rezende, liderança estudantil, guerrilheira. Um Osvaldão, gigante das matas do Araguaia.
Os meninos que ocupam as escolas e as ruas de São Paulo, que desafiam a truculenta polícia fascista do governador Alckmin, são herdeiros do 13 de maio e de todos aqueles que o precederam.
129 anos depois não é data para lamentações. É para honrar os heróis e manter viva a luta por uma sociedade justa, livre da opressão, do racismo, da misoginia, da homofobia. Mesmo que os tempos atuais se anunciem sombrios, mesmo que na lama do ódio e da intolerância alimente-se a flor terrível do fascismo, ainda assim, este 13 de maio de 2017 é dia de cantar alto a canção da liberdade, é dia de cantar alto e acreditar, como o bardo baiano, que “não tarda a aurora da redenção”.
O 13 de maio foi fruto da luta dos próprios negros, ao longo de séculos, contra a escravidão. O gigante dessa luta foi, sem dúvida, Zumbi, o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, morto aos quarenta anos comandando a resistência. Durante praticamente todo o século dezessete Palmares, até sua completa destruição, foi um desafio permanente ao escravismo. Até a captura e a morte de Zumbi, Palmares ergueu-se como uma bandeira de liberdade, desfraldada ao vento. 0 13 de maio é filho legítimo de Zumbi e de Dandara, guerreira entre guerreiros.
O 13 de maio foi fruto também da luta de Cosme Bento das Chagas, líder dos negros na Balaiada, no Maranhão, enforcado por ordem de Caxias em 1842. Negro forro, nascido no termo de Sobral, no Ceará, Cosme, à frente de três mil homens, fundou o maior quilombo da história do Maranhão e deu fôlego à resistência dos balaios durante vários anos. Sua condenação, por negro, foi exigida por Caxias como exemplar, para que os escravos não ousassem novamente lutar pela liberdade.
O 13 de maio é filho legítimo de Luisa Mahin, da luta dos Malês e da Sabinada. Traz a marca de uma mulher que vestiu-se de luta e cantou, a plenos pulmões, a canção da liberdade. O 13 de maio é assim irmão de Luís Gama, tribuno do povo.
É filho também de Chico da Matilde, jangadeiro nascido no Aracati, catraeiro no porto do Ceará, que assumiu a liderança das lutas abolicionistas no seu estado e virou o Dragão do Mar, ombreando-se aos que lutavam contra a escravidão.
O 13 de maio é também filho da poesia, do verso dinamiteiro de Antonio de Castro Alves, do verso que explodia em dor e denúncia. Foi tamanha a dor e elevou-se tão alta a voz do poeta que não coube na vida, silenciando tão jovem.
Ah! Tantos, tantos foram os pais e as mães do 13 de maio. Tantos os seus irmãos, como aquele mulato Lima Barreto, jornalista e escritor, nascido, coincidentemente, em um 13 de maio, exatos oito antes que a regente assinasse a lei de libertação dos escravos.
Deixou filhos, também, em profusão. Um João Cândido, o Almirante Negro, que liderou a Revolta da Chibata. Um Claudino José da Silva, único negro na Assembleia Constituinte de 46. Uma Helenira Rezende, liderança estudantil, guerrilheira. Um Osvaldão, gigante das matas do Araguaia.
Os meninos que ocupam as escolas e as ruas de São Paulo, que desafiam a truculenta polícia fascista do governador Alckmin, são herdeiros do 13 de maio e de todos aqueles que o precederam.
129 anos depois não é data para lamentações. É para honrar os heróis e manter viva a luta por uma sociedade justa, livre da opressão, do racismo, da misoginia, da homofobia. Mesmo que os tempos atuais se anunciem sombrios, mesmo que na lama do ódio e da intolerância alimente-se a flor terrível do fascismo, ainda assim, este 13 de maio de 2017 é dia de cantar alto a canção da liberdade, é dia de cantar alto e acreditar, como o bardo baiano, que “não tarda a aurora da redenção”.
*Joan Edesson de Oliveira é
educador, mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!