Por
Reinaldo Sousa, Havana – Cuba,
Em
15 de maio de 2014, ano da Copa e não do Nosso Senhor!.
Como
diria Galeano que, paradoxalmente, gosta de futebol: “não tenho a intenção de
convencer ninguém. Afinal, convencer é também uma forma de colonização do
outro”. Contudo, apesar de gostar de Futebol ele não se exime da tarefa de
fazer as críticas necessárias a essa forma tão forte e contemporânea de
alienação.
Não
me vejo em meio a essa grande massa que grita “gol” todas as vezes queum dos 22
jogadores em campo consegue a “difícil”, “árdua”, “complexa” e “trabalhosa”
tarefa de fazer com que uma esfera de couro, preenchida com ar, ultrapassa a
linha demarcada por um retângulo composto por três hastes de madeira e a linha
do solo.
Nada
contra a prática desportiva, afinal necessitamos de exercícios para manutenção
desta máquina incrível chamada corpo. Contudo, não consigo digerir a ideia de
mercado a que essa prática foi submetida. Ninguém me convence dos valores pagos
para estes jovens, muitas vezes em formação ou sem formação alguma, ou para
seus algozes empresários, redes de tv, políticos etc. etc.
No
final do século XIX Marx alertava para o ópio do povo: a religião. Ele não
fazia ideia do que seria o futebol. Só para uma ligeira compreensão da crítica:
o simples salário de um mês de “trabalho”? de Neymar (ganhando para correr por
algumas horas atrás de uma bola, ou para ocupar seu tempo com a dura tarefa de fazer
exercícios físicos) é suficiente para pagar o salário de todos os Professores
Doutores de Geografia da Universidade de Havana – Cuba, por simplesmente 120
anos. Se alguém tem coragem de dizer que isso é normal, o problema não é meu.
Mas não posso me dar ao luxo de dizê-lo.
Não
é necessário dizer, para me convencer de que o futebol é mais uma forma de
alienação, que a cada 5 segundos uma criança, menor de 10 anos, morre de fome,
que 37.000 pessoas morrem de fome a cada dia e que 1.000.000.000 (um bilhão) de
pessoas no mundo são mutiladas pela subalimentacão permanente. Isso,
contraditoriamente, num mundo que se produz alimentos suficientes para
9.000.000.000 (nove bilhões) de pessoas, mas cujos alimentos industrializados
estão alimentando as máquinas, através dos combustíveis, ou ao gado europeu
para manutenção do “modus obesus” das sociedades consumistas.
Mas
que fique claro: não estou convidando ninguém a manter seu televisor desligado
durante a Copa. Apenas pedindo que pensem todas as vezes que gritarem “gol!” em
milhões de pessoas que gritam “comida”!
Mandem seus textos e fotos para os e-mails: jmarcelop_7@hotmail.com ou jmarcelop7@gmail.com
Os textos do Professor Reinaldo propõem reflexao. Pena que os picaretas que governam essa porcaria de país não os leiam. Espero que os referidos textos transformem-se em livro para que possamos ter acesso a tão relevantes fontes de reflexão.
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