Pages

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O rapaz que tirou a roupa e a plateia que ficou nua

Mesmo adoentado, foi impossível ficar longe da história do rapaz que ficou nu numa festa de formatura, no último sábado.

Não o conheço e não tenho a mínima ideia de quem se trata. Não sei ao menos se ele sofre de algum distúrbio, ainda que momentâneo e pontual.

Entendo e compreendo o comportamento da meninada que estava no local, bem próprio da idade – a galhofa vai render dias de conversas e muitas piadas.

Mas alguns pontos me chamaram a atenção no episódio. Por exemplo: a quantidade de pessoas filmando a cena, com o objetivo claro de postar na rede – o que fizeram.

A sociedade do espetáculo só vê a vida em replay ou pela tela de um celular. Eis uma “doença” que se espalha entre adolescentes, jovens e adultos infantilizados (uma espécie que se multiplica mais do que rato na era da internet).

Também me pergunto (e fiz a mesma indagação a alguns “velhos” da minha idade): o rapaz não teria um só amigo ou conhecido, no local, com algum altruísmo, uma nesga de solidariedade, que o impedisse de chegar ao desfecho midiático?

Posso estar equivocado, afinal o tempo é traiçoeiro para quem tenta resgatá-lo, mas na minha geração muito dificilmente fato semelhante aconteceria.

Haveria, sim, um de nós que ao menos tentaria impedir que se chegasse àquele desfecho, ainda que com o uso da força. Ninguém ganhou com aquilo: perdeu o rapaz, que dificilmente resgatará seu sossego, perderam aqueles que só trataram de filmar o “escândalo”.

Se alguém tinha algum distúrbio, ali, não me parece que era só ele.

Blog Ricardo Mota

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar!
Continue nos visitando!