No último dia 15/10, celebramos uma data muito importante e que
infelizmente é esquecida por muitos. O dia do Professor. Assim mesmo,
com letra maiúscula, pois é como este profissional merece ser tratado.
Entre minhas inúmeras atividades, também faz um bom tempo que sou
professor universitário e este ano especificamente leciono na Faculdade
de Tecnologia (Fatec) de Bragança Paulista. Cada turma é uma experiência
nova, pois chegam vorazes por conhecimento, mas nós é que acabamos
aprendendo muito mais com o exemplo de vida e superação de cada aluno.
Por isso, resumo aqui, um pouquinho do que para mim é ser professor.
Como bem definiu a educadora Amelia Hamze em seu recente artigo, a
arte de ensinar é uma tarefa difícil demais para que alguém se envolva
nela por comodismo, falta de fato melhor, ou porque é preciso auferir
ganhos.
Os padres da Companhia de Jesus, instalaram a primeira escola em
1549. O ensino nesta época era tradicional. A escola tradicional
permaneceu por aproximadamente trezentos e oitenta e três anos. Com o
governo de Getúlio Vargas, deu-se início à escola nova, onde o professor
não se comportava como o transmissor de conhecimentos e sim um
facilitador de aprendizagem, onde o aluno era um ser ativo e
participante e estava no centro do processo de ensino/aprendizagem. Essa
escola era uma escola democrática e divulgada para todos (o cidadão
democrático).
O advento da escola nova foi em 1932. Em 1964 tem início a Escola
Tecnicista, e o modelo americano é instituído em nosso país. Com o
tecnicismo empregado em todos os campos, o aluno era impedido de criar e
pensar, impediu-se a expressão dialética. Na escola tecnicista o social
era ditado pelos militares que detinham o poder, e foram anunciados
padrões e métodos educacionais com ferramentas que impressionavam e
davam subsídios diferentes nas formas de ensinar. Nesta época foram
instalados os recursos audiovisuais como suporte pedagógico, a instrução
programada e o ensino individualizado.
Em 1983 deu-se o aparecimento da Escola Crítica, onde o professor era
o educador que orientava o contorno da aprendizagem com participação
real do aluno, aluno enfatizado como cidadão, aluno que construía e
ressignificava a história. Na Escola Crítica havia articulação e
interação entre o educador e o educando, sendo empregados todos os
contornos que possibilitavam a apreensão crítica e reflexiva dos
conhecimentos com enfoque na construção e reconstrução do saber.
Já no século XXI, observamos que na construção do saber a tecnologia
passa a dominar os espaços locais e temporais, impedindo a atuação
dialógica, a interação, e a transmissão de emoções . Com o uso
inadequado da tecnologia há a individualização do ser humano, tornando-o
espectador e talvez um indivíduo sem estímulo para superar barreiras,
sem explicação dialética do dia-a-dia, sem afinidade com o social e
alienado em suas relações com o global. Com a escola tecnológica,
corre-se o risco de exclusão do indivíduo no social, fechando-o em seu
mundo, sem articulação com os demais membros da sociedade. Devemos aliar
forças para que isso não aconteça, buscando todas as oportunidades em
busca da criatividade, pois a educação tem por intenção a humanização do
homem.
Devemos ter em mente que os professores exercem um papel
insubstituível no processo da transformação social. A formação
identitária do professor abrange o profissional, pois a docência vai
mais além do que somente dar aulas, constituiu fundamentalmente a sua
atuação profissional na prática social. A formação dos educadores não se
baseia apenas na racionalidade técnica , como apenas executores de
decisões alheias, mas , cidadãos com competência e habilidade na
capacidade de decidir, produzindo novos conhecimentos para a teoria e
prática de ensinar.
O professor do século XXI, deve ser um profissional da educação que
elabora com criatividade conhecimentos teóricos e críticos sobre a
realidade. Nessa era da tecnologia, os professores devem ser encarados e
considerados como parceiros/autores na transformação da qualidade
social da escola, compreendendo os contextos históricos, sociais ,
culturais e organizacionais que fazem parte e interferem na sua
atividade docente. Cabe então aos professores do século XXI a tarefa de
apontar caminhos institucionais (coletivamente) para enfrentamento das
novas demandas do mundo contemporâneo, com competência do conhecimento,
com profissionalismo ético e consciência política. Só assim, estaremos
aptos a oferecer oportunidades educacionais aos nossos alunos para
construir e reconstruir saberes à luz do pensamento reflexivo e crítico
entre as transformações sociais e a formação humana, usando para isso a
compreensão e a proposição do real, sem deixar se seduzir pelos caminhos
deslumbrantes dos anúncios publicitários, pelas opiniões tendenciosas
da mídia.
Que toda homenagem se concretize, pois ser professor é ter a
capacidade de "sair de cena, sem sair do espetáculo", é apontar
caminhos, mas deixar que o aluno caminhe com seus próprios pés...
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