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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Farinha pouca, meu pirão primeiro Por Eliane Neves

Que infelicidade ver um classe artística, quase toda ela, apenas preocupada com seus próprios interesses. É uma vergonha!

Enquanto eles conseguem capitar recursos para seus projetos, os pequenos produtores culturais espalhados por este país vivem de pires na mão.

Enquanto eles conseguem milhões, artesões e outros mestres da cultura popular de Alagoas recebem um salário mínimo pelos relevantes serviços prestados ao patrimônio cultural alagoano. 

Dona Irinéia Nunes, artesã da cerâmica e remanescente quilombola de União dos Palmares, que o diga. A mestre artesã já teve seus trabalhos expostos em vários lugares no Brasil.

Um espetáculo lamentável protagonizado por artistas movidos pela paixão financeira, pela vanglória e por ideologias políticas. Um espetáculo deprimente até mesmo quando comparado a uma pornochanchada.

A arte, qualquer que seja as suas manifestações e expressões, demonstra a capacidade do ser humano de comunicar a beleza, a liberdade. Por isso, não pode está a serviço de poder A ou B, isso não é Cultura e sim, ideologia.

As luzes da ribalta apagam-se antes mesmo que o fim do primeiro Ato acabe. Os microfones silenciam diante de melodias e versos tão vazios.

"Farinha pouca, meu pirão primeiro." Feliz é a viúva de Serepta (1R 17, 8-24)! Se ela tivesse esse pensamento e atitude jamais teria visto a fartura da farinha e do azeite abundar em sua casa em meio a fome e seca que habitava em sua região quando partilhou o pouco que tinha com o profeta Elias. 

Partilhou porque era humilde e acreditou n'Aquele que não deixa nada faltar aos seus.

Felizes de nós e dessa classe artística se aprendêssemos com essa viúva.

Eliane Neves da Silva

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