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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Conheça a história do Bairro Roberto Correia de Araújo em União dos Palmares



               História

O Bairro Roberto Correia de Araújo é tido hoje como o maior bairro da cidade, seja em população ou em extensão e conta com uma população, conforme dados do IBGE de 2007, de 8.516 habitantes. 

Segundo alguns moradores mais antigos e o presidente de sua associação, “Macaxeira”, o bairro, onde antes existia uma fazenda chamada de “Fazenda Frios”, teve início com a doação de vários terrenos para a população carente da região feita pelo então prefeito da época, Manoel Gomes de Barros, isso em 1978. Motivo este, que fez com que o bairro seja conhecido até hoje, popularmente, como “Terrenos”. 

As primeiras residências localizavam-se às margens da BR-104 e da Avenida João Lyra Filho (uma das entradas da cidade). No passado, as pessoas que residiam no bairro viviam em condições precárias, como falta de água, saneamento básico e vários outros. Condições estas que ainda não mudou para algumas pessoas.

Com o passar dos anos o bairro foi crescendo e geralmente quando uma área se desenvolve rapidamente ela costuma atrair aqueles que vivem a margem da sociedade, ou seja, as pessoas que são excluídas pelo próprio sistema capitalista e que correm para outro lugar na esperança de conseguir algo para si.

                    Um pouco do bairro

Após pesquisa de campo ocorrida no dia 29 de abril e feita com alguns moradores foi possível perceber que muitos procuraram esta área justamente devido ao preço dos terrenos e por estar próxima a principal via de tráfego da região, a BR-104, que liga União a cidades como Maceió, Murici, Branquinha, São José da Laje e Ibateguara.

Os “Terrenos” hoje possuem características de uma pequena cidade, como: duas escolas, uma municipal (Salomé da Rocha Barros), e uma estadual (Carlos Gomes de Barros), esta a maior escola da cidade; um posto de saúde bem equipado; uma capela; várias igrejas evangélicas; duas fábricas; uma feira livre aos domingos que atrai pessoas de outros bairros da cidade; vários estabelecimentos comerciais (padarias, drogarias, supermercados, etc.); e contou com uma delegacia que funcionou até o ano de 1995.

A festa mais popular é a de São Sebastião, padroeiro do Bairro, que acontece em janeiro, e atrai diversas pessoas da cidade. É por conta disso tudo que o bairro Roberto Correia de Araújo é comparado com algumas cidades da região.

A Escola Estadual Carlos Gomes de Barros, mesmo com sua grande estrutura, tem como principal problema a questão da falta de aulas, pois, segundo os moradores, a mesma vive em greve constante, prejudicando assim somente seus filhos, que precisam ir estudar em outros colégios da cidade, sejam municipais ou particulares. 

Por ser muito extenso, o bairro apresenta uma segregação que distingue duas classes sociais: uma privilegiada, que reside próxima a Avenida João Lira Filho, onde as casas são bem estruturadas, com ruas pavimentadas e atendidas pelos serviços do governo, tais como, policiamento, coleta de lixo e agentes de saúde e outra menos privilegiada ou até mesmo sem assistência nenhuma, que é o caso das pessoas que residem distante dessa avenida, em casas a ponto de desabar, com ruas com esgotos a céu aberto, sem pavimentação, além de falta de iluminação e da prestação dos serviços do governo, onde boa parte das famílias sobrevivem apenas do “Bolsa Família”.

Por conta de ser longe do “Centro”, sua população para chegar até ele, precisa de meios de transportes, tais como, moto, carro, bicicleta ou carroça. Muitos precisam trabalhar inclusive nas feiras livres que acontecem nas segundas, quartas, sextas e sábado, no centro de União, precisando então acordar de madrugada para montar sua banca e ir trabalhar, uma rotina cansativa. A feira do bairro acontece sempre aos domingos, próximo a Igreja de São Sebastião.

Em 2008 foi inaugurada uma ponte que liga o bairro até a COHAB, outro bairro da cidade. Ao todo são quatro mil metros de calçamento que liga a Rua Lindolfo Gomes Cabral com a Avenida Rotary. Ligação que foi iniciada pelo ex-prefeito José Afrânio Vergetti de Siqueira, porém finalizada e inaugurada na gestão de José Carrilho Pedrosa.

Outro fato que merece ser observado é a disparidade, ou seja, a desigualdade entre os ricos e os pobres que é mostrada nas construções das casas. 

Uma reclamação dos moradores é o fato de existirem diversos bares e boates no bairro e eles ficarem abertos até altas horas da madrugada o que fere a lei do Silencio, já que logo após os estabelecimentos fecharem, os clientes dos bares permanecem na rua a conversar e incomodam assim os moradores. 

·                    Criminalidade
O índice de criminalidade é grande por conta de ter contato com outras partes da cidade menos privilegiada como o bairro COHAB, a Vaquejada e o Alto do Cruzeiro. 

Assaltos, estupros, mortes e venda de drogas, é algo normal no interior do Bairro. “A polícia nunca passa por aqui. A gente coloca a vida da gente nas mãos de Deus!” disse uma moradora que não quis se identificar. Ou seja, apesar de ser considerado um bairro extremamente violento a polícia faz vista grossa para os atos dos meliantes.

Recentemente, assassinatos ocorridos no Bairro têm deixado a população em clima de medo e revolta, algumas chegam a se trancar em casa ao anoitecer. No dia 19 de novembro de 2008, o cabeleireiro Silvino Sabino da Silva, de 18 anos de idade foi vitima do trafico, acompanhado pela representante comercial Narciair Santos de Barros, de 21 anos de idade que morreu vitima de uma bala perdida disparada pelos bandidos, enquanto matavam Silvino.

Este crime deixa uma certeza: o tráfico e o consumo de drogas começam a ficar fora de controle das autoridades repressoras por diversos fatores: o primeiro, a certeza da impunidade e a flexibilidade das leis penais vigentes: o segundo, a fragilidade dos aparelhos repressores, ou seja, as policias militar e civil. 

A população que está refém dos viciados e traficantes é a maior vitima deste estado de desmandos, que já começa, pela selvageria e brutalidade dos crimes praticados a decretar paulatinamente “estado de sitio”. Em um local do bairro até “pedágio” é cobrado pelos meliantes.

Todos os crimes são justamente na parte menos favorecida do bairro onde existe pouca iluminação e favorecendo assim a ação dos meliantes. Outro fato que deve ser destacado é que os crimes continuam impunes, exceto o caso dos quatro jovens assassinados em 2002.

                   Saneamento Básico

Saneamento básico é a atividade econômica voltada ao abastecimento de água potável encanada e à coleta, tratamento de esgoto e controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando a saúde das comunidades. 

Em algumas partes do interior do bairro é visto que o esgoto e dejetos das casas correm pelas ruas, provocando inúmeras endemias, comprometendo a qualidade de vida da população, e em decorrência das chuvas, as ruas ficam alagadas e intransitáveis, às vezes entrando nas residências.

Como a maioria das ruas não tem calçamento na época chuvosa é um verdadeiro sufoco para se deslocar, pois em alguns locais, a água invade interrompendo até a passagem dos carros. Como pudemos constatar em visita, uma das ruas mais prejudicadas do bairro com a chuva é a Alonso Costa Pereira e a sua Travessa.

A coleta de lixo é realizada pela prefeitura, o serviço é realizado três vezes por semana, em dias alternados. Há algumas áreas que não acontece coleta em tempos de chuva, devido ao difícil acesso, o que acarreta acúmulo de lixo em terrenos baldios, valetas e encostas.

Muita gente do bairro ainda não tem consciência da importância do saneamento para uma cidade. O saneamento básico é a medida de saúde publica mais eficaz quando se fala em prevenir doenças e reduzir gastos hospitalares. Também é com o saneamento básico que se reduz drasticamente a mortalidade infantil e se aumenta a expectativa de vida de uma comunidade, sendo este um dos fatores componentes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de um país.

A gestão pública não entende que o saneamento básico e água são os maiores bens de uma comunidade e deveria ser prioridade zero de qualquer governo, independente de partido político. Mas, por ser um trabalho caro e sem muita visibilidade política, muitos políticos preferem não gastar verba com esse tipo de obra.

Antes da última eleição para prefeito foram iniciados trabalhos para melhoria de algumas ruas do Bairro que tinha uma situação ruim, porém, passada o dia 05 de Outubro, as ruas voltaram ao que era antes e encontram-se com obras paradas.

·                    Reclamação dos moradores e uma triste realidade

Através de questionários buscamos saber quais são as necessidades dos moradores em partes diferentes do bairro e a grande maioria dos entrevistados solicitaram orelhões, uma creche, quebra-mola em algumas ruas, mais iluminação e mais policiamento nas ruas.

Pra que eu possa telefonar tenho que andar três quarteirões”, disse uma moradora. “Quando vou trabalhar tenho que deixar os meus filhos na casa da minha vizinha, porque aqui não tem creche”.

Cerca de 80% dos chefes de família são homens e mais da metade não possui ensino fundamental completo, sobrando então empregos como carroceiro, auxiliar de serviços gerais, mecânico e similares. A maioria dos chefes de família ganha em torno de um salário mínimo e outros nem chega a tanto.

Em uma residência na Travessa Alonso Costa, encontra-se uma família de cinco pessoas que sobrevive com apenas R$ 90,00, triste realidade de um município que se diz pólo. Essa casa tem como chefe de família uma senhora de 65 anos que trabalha como empregada doméstica, segundo ela o que prejudica é a questão de falta de emprego.

E essa não é uma reclamação só dela, muitos moradores reclamaram a questão da falta de emprego. Muitos deles trabalham no corte de cana, mas quando ocorre a entressafra eles ficam sem ter o que fazer.

A maioria dos moradores possui casa própria, mas não possui caixa d’água. “Só quem tem é rico”, disse uma moradora. É comum encontrar no bairro ruas onde o esgoto corre a céu aberto, sem calçamento, ruas mal iluminadas, famílias que vivem com menos de um salário mínimo, que sofrem com a falta de água encanada e com jovens fora da sala de aula.

Em algumas ruas do bairro não existe uma única pedra fincada de calçamento e em época chuvosa essas ruas ficam praticamente intransitáveis. Vale lembrar, que o problema é antigo, mas não custa nada para um gestor municipal fazer um esforço e resolver a problemática.

Em ruas como a Travessa Alonso Costa, no lugar da calçada tem mato crescido, e saneamento básico os moradores nem sabem o que é, pois ainda não chegou por lá. E é nesse cenário, nada confortável, que adultos e crianças convivem e dependendo da parte do bairro, o lixo das casas se junta ao esgoto que corre a céu aberto.

Essa sujeira é uma coisa muito perigosa, principalmente para as crianças e haja fôlego para agüentar o mau cheiro”, diz uma moradora que prefere não se identificar.
Considerações finais

A importância desse trabalho está em um primeiro momento na satisfação pessoal em realizar um trabalho que tem como tema um bairro onde as pessoas são esquecidas pelo poder público e também mostrar para todos a triste realidade que vivem os moradores do Roberto Correia de Araújo, bairro que merecia um melhor tratamento devido a sua importância. 



 Trabalho realizado pelos alunos de Geografia da UNEAL em 2010.
 Franco, Marcelo, Renan e Leto.


3 comentários:

  1. Ótimo trabalho! Fiz uma viagem lendo o trabalho de vcs, Parabéns ao quarteto que para mim foi fantástico!!!

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  2. Ótimo trabalho! Fiz uma viagem lendo o trabalho de vcs, Parabéns ao quarteto que para mim foi fantástico!!!

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  3. Olá gostaria de entrar em contato com os responsáveis pela matéria, sobre um projeto a ser desenvolvido em periferias.

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